11º Domingo do Tempo Comum

E voltando-Se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? (cf. Lc 7,36-8,3)
Jesus é o olhar do coração do Pai que vê pessoas concretas;
conhece o seu nome, a sua história e o seu pecado,
mas também o seu arrependimento e o seu amor!
Em Deus não há preconceito, nem ressentimento, nem rotina,
tudo é atenção personalizada, surpresa de amor,
reconhecimento dos detalhes que revelam nobreza de alma,
por debaixo dum pobre, marginalizado e pecador frequente!
Foi o seu olhar misericordioso e puro
que viu uma mulher que quer amar, numa ovelha perdida,
ferida, enganada, cansada e marginalizada!
O fariseu Simão faz muitas coisas boas e cumpre deveres religiosos,
mas ainda tem muito para aprender a amar e para saber ver!
O “amor de si” de tudo faz um cumprimento frio de deveres!
Andamos à volta de nós mesmos, mas por exigências sociais
vamos cuidando dos filhos, da vida familiar e social, do trabalho,
vamos cumprindo os mínimos dos deveres religiosos…
Tudo se faz como um frete, um encargo contrariado,
uma rotina que tem que ser, uma seca que tem que se aguentar!
Por isso, o matrimónio perde a surpresa dos detalhes,
a família a alegria do serviço e do encontro
e foge-se do desconforto da hospitalidade e do cuidado do frágil!
Como há falta de alimentar o amor pelo outro,
há dificuldade em perdoar aquele que nos magoa
e se prefere desistir do outro, fugindo ou divorciando-nos!
O rancor e o preconceito fixa-nos num passado mau
e impede-nos de ver o presente cheio de esperança e vontade de mudar!
Senhor, olhar puro, sempre a checar sinais de amor escondidos,
liberta-nos da murmuração e do preconceito,
para que possamos ver uma mulher por detrás de uma pecadora,
um Zaqueu sedento de Deus escondido num rico ambicioso,
um Lázaro com dignidade num pedinte chagado e esfarrapado!
Envia-nos o teu Espírito e dá vida e amor ao nosso quotidiano,
para que não nos refugiemos na rotina, nos deveres cumpridos,
na mera oferta de presentes materiais, na frieza do coração!
Ajuda-nos a saber colocar-nos detrás de Jesus e a seguir o seu coração,
para que saibamos ver com olhar puro e misericordioso,
os lírios que brotam no campo em pleno inverno!
Pe. José Augusto
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