12º Domingo do Tempo Comum

Ao cair da tarde, Jesus disse aos seus discípulos: «Passemos à outra margem do lago». (cf. Mc 4,35-41)

Deus, ao cair da tarde de tantas iniciativas infrutíferas,
envia o seu Filho, cheio do seu Espírito, e diz-lhes:
“Passemos à outra margem, abramos a salvação a toda a criatura”!
Jesus prega durante o dia à multidão e só adormece tranquilo,
quando os discípulos aceitam o desafio de viver a sua Páscoa:
“Passemos à outra margem do lago, partamos em missão,
Eu estarei sempre convosco, à popa da barca da Igreja”!
Jesus só atua diretamente, quando os discípulos entram em pânico,
em vez de continuarem a remar e a retirar a água da barca!
E perante a noite do medo e do desânimo, Jesus interroga-nos:
“Porque parastes de remar, de evangelizar e de acreditar?
Não quereis aproveitar esta crise para passar à outra margem da fé?”
A barca da Igreja navega num mar encrespado de noite adversa!
Há os ventos externos que não são favoráveis à fé:
famílias ausentes e instáveis, sem amor nem fé,
uma cultura materialista e consumista que engorda o ter,
um secularismo militante que ridiculariza a fé no além,
uma ética relativista que combate a lei natural e a harmonia…
Há as ondas amuralhadas do fundamentalismo,
da perseguição religiosa que impedem o livre exercício da fé.
Internamente, a Igreja debate-se também, com a incoerência,
o pecado a cheirar a incenso, o comodismo, o medo de arriscar!
Perante esta noite da história, que faz a Igreja meter água,
viramo-nos para Jesus ou desistimos de continuar em missão?
Santíssima Trindade, ousadia misericordiosa sempre presente,
louvada sejas porque passastes para a nossa margem
e connosco permaneces, apesar das ondas da nossa infidelidade
e dos ventos do nosso egoísmo e da nossa idolatria.
Cristo, nosso mestre e timoneiro da Igreja missionária,
aumenta a nossa fé e liberta-nos do medo
que nos paralisa as forças e adoece a esperança e a comunhão.
Ensina-nos a espiritualidade do saber remar em alto mar,
numa ousadia humilde e perseverante,
que nos liberta do papel de espetador e comentador
e nos torna teus discípulos, em comunidade de missão!
Pe. José Augusto