DIA MUNDIAL DO DOENTE

Este ano celebra-se o XXVII Dia Mundial do Doente, instituído pelo Papa João Paulo II, escolhendo a data de 11 de fevereiro, recordando a presença de milhares de enfermos que se deslocam ao Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, no sul de França.

O Papa Francisco foi ao Evangelho de São Mateus – “recebeste de graça, dai de graça” – para colher a sua mensagem deste dia, alargando-a para valorizar o serviço dos voluntários que percorrem os espaços hospitalares e de saúde.

Em Portugal são muitas centenas aqueles que dedicam muitas horas da sua vida para voluntariamente se dedicarem aos doentes, sem esquecer os profissionais de saúde, que em muitos casos fazem da sua profissão uma doação.

Sabemos das dificuldades que se colocam, devido às vias economicistas no mundo da saúde mas também às lutas corporativistas em que perdem sempre os mais desfavorecidos, os mais frágeis e os mais pobres.

Muitas vezes esquecemo-nos que faz parte da nossa caminhada de vida a passagem por uma cama do hospital, de uma casa de saúde ou da nossa residência ou lar.

Nesses momentos, é sempre estimulante, agradável, reconfortante, recebermos uma visita amiga que nos traz fé e esperança.

Há anos, num encontro de elementos de serviço de voluntariado, organizado pela Cáritas Portuguesa, foi pedido a quem quisesse para apresentar o seu testemunho pessoal. Um voluntário do IPO de Lisboa foi parco mas de profundo significado nas palavras: “no IPO de Lisboa pouco faço, precisava de fazer muito mais, muitas vezes limpo as lágrimas de doentes que já não têm forças nos seus braços para as limpar.”

Os doentes nunca devem ser objectos descartáveis, não devem ser tratados como números, como reclusos de uma penitenciária ou como um batalhão de militares, mas sim como pessoas com os seus respectivos nomes e com a maior das atenções e cuidados das suas doenças.

Recordo hoje as palavras de Elias Canetti: “ninguém é mais solitário do que aquele que nunca recebeu uma carta”. O mesmo se poderá dizer de um doente que nunca teve uma visita, que nunca ouviu uma palavra amiga, solidária, encorajadora, moralizadora, de fé e de esperança.

Muitas foram as mensagens de diversas entidades civis e religiosas sobre o Dia Mundial do Doente, fixei a minha atenção em duas. A primeira apelava para que este dia fosse para os cristãos “uma oportunidade de oração, reflexão e estudo” sobre o valor e a dignidade da vida humana e a dimensão existencial da dor e do sentido do sofrimento.

A outra mensagem remetia-nos para “cuidar da dor dos nossos doentes como uma obrigação de todas as nossas comunidades.” Apelava para a proximidade com os outros, sobretudo os que vivem em situações de fragilidade, indiferença e limitação.

O XXVII do Dia Mundial do Doente foi celebrado de uma forma mais solene, mais mediática, na cidade de Calcutá (Índia), fazendo lembrar o modelo de caridade da Madre Teresa de Calcutá.

Importa sublinhar que, todos os dias em Portugal, centenas de voluntários hospitalares estão atentos e generosos, subtraindo horas ao seu convívio familiar e social para estarem junto dos doentes e dos familiares dos mesmos, celebrando diariamente o Dia do Doente.

Nos momentos que vivemos, quem tratará da doença que afecta a Saúde em Portugal, em todos os sectores e especialidades?

Já não há voluntários que lhes valham!

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Fevereiro/2019