Vou abrir os vossos túmulos e deles vos farei ressuscitar, ó meu povo. (Ez 37,12-14)

 

Deus fez surgir a beleza do universo da abundância do seu Amor.
É a generosidade do dar-se que faz do nada tudo
e de cada coisa uma peça única, com o carinho dum artista.
Quando a pessoa deixa morrer o amor, fica inanimado,
mas o Pai da ternura, de mãos dadas com o Filho e o Espírito,
não ficam parados e inclinam-se graciosa e pacientemente
para fazerem reviver tudo e todos os que vivem sepultados
nas trevas do desamor e da desesperança, isolados.
Deus é a fonte da Vida a regar a esperança sem cansaço.
 
A cidade dos anónimos, em apartamentos aferrolhados,
esconde muitos mortos vivos, moribundos de amor,
escondidos e esquecidos no túmulo do seu desencanto.
Vivem de memórias e de sonhos em pesadelos transformados,
lamentam o desamor com que foram condenados,
vivem num inferno por eles e por nós alimentados.
“Sai para fora” e “tirai-lhe as faixas e deixai-os caminhar”.
É o apelo a fazer das nossas cidades uma vizinhança família.
 
Senhor Jesus, Vida em graça a curar a nossa desesperança,
liberta-nos do egoísmo que nos mata e assassina os irmãos,
incendiando este mundo com o inferno da desesperança.
Dá-nos o Teu Espírito e faz-nos reviver de novo
para que o choro se transforme em solidariedade gratuita
e a morte do pecado nos faça renascer irmãos.
Ajuda-nos a regar este mundo com a fecundidade da fé
e a alegria da esperança que se faz banquete de vida. 

Pe. José Augusto Leitão