9º Domingo do Tempo Comum

Poderá a mulher esquecer a criança que amamenta e não ter compaixão do filho das suas entranhas? (cf. Is 49,14-15)

Deus tem uma relação de amor maternal com cada um de nós.
Não fomos criados em série na fábrica de seres humanos,
mas fomos gerados no amor que sonha uma obra prima,
personalizada até ao ínfimo pormenor diferenciador,
acarinhada, cada segundo, por esta Luz que conduz,
ensina, alimenta, faz crescer e ser fecunda, perdoa e salva.
Jesus é o Filho que faz memória deste amor materno-paterno,
permitindo-nos nascer de novo no útero divino da compaixão.
 
Assiste-se hoje ao incremento da doença do esquecimento.
É uma variante de Alzheimer que esquece Deus que o criou,
esquece o irmão que grita solidão e marginalização,
esquece o esposo ou a esposa e os troca por uma ilusão,
esquece o filho que gerou e decide abortar a sua vida,
esquece os pais que os cuidaram e os abandonam na velhice…
É o enredo centrífugo das preocupações com o amanhã
que nos aliena do amor e nos faz correr sem rumo incerto.
 
Senhor, Pai-Mãe, que nos gravastes em entranhas de eternidade,
aumentai a nossa confiança em Ti e dai-nos um coração novo.
Cura-nos do esquecimento das maravilhas que fizestes por nós
e faz brotar em nós o louvor perfeito e a filiação amante.
Jesus, nosso Irmão reconciliador e memória do verdadeiro Filho,
envia-nos o Teu Espírito e reaviva em nos a memória da Verdade.
Senhor, cura a nossa sociedade do Alzheimer da fé e da fraternidade.

 

Pe. José Augusto Leitão