Os órgãos de comunicação social, de uma forma geral, deram pouco relevo aos oitocentos anos da Língua Portuguesa.

Em 1143, no início da nossa nacionalidade, D. Afonso Henriques, O Conquistador e nosso primeiro rei, utilizava a língua galaico-portuguesa nos documentos régios.

Em 1214, D. Afonso II, redigiu em português o mais antigo documento da corte real que é conhecido. Há também quem defenda que há alguns registos de poesia medieval, cantigas de amor, de amigo e de maldizer, que se aproximam daquela data, mas está longe de ser consensual esta opinião.

Esse documento régio de D. Afonso II é o marco, o registo de nascimento da nossa língua portuguesa. Já está escrito em português. Trata-se de um documento oficial e não particular. É um documento de alto nível estatal, escrito com a pena do rei de Portugal e afastado do latim.

A língua deu os primeiros passinhos e já lá vão oito séculos.

Num manifesto, alguns intelectuais portugueses quiseram recordar este acontecimento afirmando: “ queremos festejar oitocentos anos da nossa Língua, uma grande Língua da Globalização. Não celebramos vocábulos, gramáticas ou sonoridades. Celebramos uma maneira de ser.”

Direi que nesta efeméride celebramos aquela inquietude que nos faz sair do nosso coreto e percorrer mundos e mares. Assim nos misturamos, assim nos transformamos, assim chegamos longe, assim somos a quarta Língua mais falada no mundo e a terceira na Europa depois do inglês e do castelhano.

Com as descobertas abrimos novos mundos ao mundo. Aí começou a expansão da Língua Portuguesa, de Camões, de Padre António Vieira, de Bocage, de Miguel Torga e tantos outros.

Atualmente há oito países da Língua Oficial Portuguesa, situado na linha da frente o Brasil, com mais de 202 milhões de falantes, Angola, com mais de 20 milhões, Moçambique,10 milhões, Guiné-Bissau, 1,5 milhões, Cabo Verde, 500 mil, S. Tomé e Príncipe 200 mil e Timor-Leste, 1,5 milhões. A acrescentar a estes números, Portugal, com 10 milhões e a Diáspora com muitos milhões, espalhados pelos quatro cantos do mundo, que nas suas comunicações escrita ou falada usa a Língua Portuguesa.

A Língua Portuguesa é usada por mais de duzentos e cinquenta milhões de pessoas. Daqui a uns cinquenta anos será acrescida com mais de cem milhões de falantes, numa taxa sempre crescente. Quando verificamos fatos pessimistas, esta perspetiva abalizada é de grande otimismo. Nem tudo é negativo no mundo português.

Como escreve Manuel Alegre, a nossa Língua são “palavras que levam saudade, tolerância, humanidade e maturidade. Palavras que levam versos de poetas, prosa de escritores, que levam o fado e o cante alentejano” a todas as nações e continentes.

Palavras que nos fazem por dentro. É assim a nossa Língua. É a nossa Língua Portuguesa.

A Língua Portuguesa é um património que deve ser defendida, por estes milhões que se expressam em todos os países, em todas as nações.

PORTUGAL, deve afirmar em todos os continentes, que valemos no Mundo, o que vale a nossa Língua Portuguesa. Orgulha-te de a falares, de a comunicares e de a amares. A Língua do mar, das caravelas, das descobertas, da saudade, dos afetos, do fado, dos poetas, dos escritores e do cante alentejano. A NOSSA LÍNGUA…A PORTUGUESA.

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Janeiro/2015