“Enquanto as Comunidades não forem Centros de Caridade, nada se fará. “

“ É PRECISO QUE JESUS REINE. “

D. João de Oliveira Matos

 

D. João de Oliveira Matos é uma das grandes figuras da Igreja e muito concretamente da Igreja Diocesana Egitaniense.

Numa rápida retrospetiva biográfica, verificamos que no dia 1 de Março de 1879, nasceu na freguesia de Valverde – Fundão-, filho de Ana Natividade Ferreira Matos, doméstica e de António de Oliveira Matos Ferreira, professor do ensino primário e mais tarde funcionário das obras públicas, onde auferia melhor vencimento. Era o irmão mais velho de quatro filhos, João, Epifânio, José e António. O irmão Epifânio Oliveira de Matos, também seguiu a carreira eclesiástica tendo paroquiado em Aldeia de Joanes, durante alguns anos.

Em Valverde, na casa onde nasceu, tem um Museu a perpetuar a sua memória.

Depois de ter feito exames secundários, no Liceu de Castelo Banco, entra com dezassete anos, para o antigo Seminário da Guarda, atualmente alberga vários serviços oficiais como museu, polícia, correios e outros. Foi ordenado sacerdote a 28 de Março de 1903, celebrando a 3 de Abril, a Primeira Missa no Altar do Calvário da Igreja de S. Martinho do Fundão.

Em Outubro de 1904, depois de uma ligeira passagem pela Covilhã como coadjutor, seguiu para o Seminário Menor do Mondego, atuais instalações pertencentes ao Ministério da Justiça.

Entre 1912 e 1914, foi Pároco de Santa Maria – Celorico da Beira. Em 1915, deslocou-se para Braga, como secretário de D. Manuel Vieira de Matos. Em Maio de 1920, foi nomeado Visitador Apostólico da Diocese da Guarda e, três anos mais tarde, recebeu a ordenação episcopal.

Uma das suas decisões mais importantes, com grandes reflexos na Diocese, foi a fundação da Liga dos Servos de Jesus, com várias casas espalhadas pelo País de apoio a crianças pobres, que em 2012 se expandiu para Angola.  

Em 29 de Agosto de 1962, aos 83 anos, faleceu e está sepultado no coração da Liga dos Servos de Jesus, na Capela do Outeiro de S. Miguel – Guarda.

Em 1994, foi aberto o processo diocesano para a sua beatificação, e o Papa Francisco acaba de publicar um decreto que reconhece as virtudes heróicas de D. João de Oliveira Matos, atribuindo-lhe o título de Venerável. Realçam-se as virtudes de um grande pastor, com muitas visitas pastorais à sua Diocese, muitas delas feitas a pé ou por tração animal. Teve sempre muita preocupação na formação dos leigos, o que motivou a criação do Instituto da Liga dos Servos de Jesus.

Feita esta cronologia, verifica-se que o nome de Aldeia de Joanes não aparece uma única vez mencionado. Apenas, o nome do pai e do irmão José Oliveira Matos, está relatado que faleceram em Aldeia de Joanes, tudo indicando que ali se encontram sepultados. A verdade, porém, e segundo diversas versões, principalmente a de Rosa Maria Diogo, é que D. João de Oliveira Matos residiu com os seus pais na Aldeia de Joanes, quando tinha cinco anos de idade.

Os seus pais fixaram residência numa casa na Rua da Fonte, nº 15, no coração medievo, o ex-libris, de Aldeia de Joanes, junto da fonte romana de mergulho. Quando saíram, esta foi habitada por Angélica Maria Fernandes, que aí criou uma queijaria, só com fabrico de queijo de ovelha. Ainda existe, foi recuperada e encontra-se à venda por uma imobiliária.

O pai de D. João, além de professor dedicava-se à exploração de uma quinta no Cabeço da Barrosa, com muita vinha e pomares. Mais tarde, o seu irmão António de Oliveira Matos herdou-a e deixou-a de herança à Liga dos Servos de Jesus do Outeiro de S. Miguel, tendo sido mais tarde comprada àquela Instituição por Manuel Supico Serra,  que foi aluno interno daquela escola de formação.

Entretanto, o menino João de Oliveira Matos frequentou a Escola Primária em Aldeia de Joanes, num edifício ainda existente na Rua do Castelo, propriedade de um Inspetor Escolar do Souto da Casa, onde mais tarde viveria Joaquim de Almeida, um dos melhores criadores e comerciantes de enchidos da Beira Baixa, que chegaram à mesa de João Paulo II, através do Embaixador de Portugal no Vaticano. Outros defendem que frequentou a Escola Primária, nas Donas, terra do seu pai, que me parece inviável, atendendo a que seu pai era Professor em Aldeia de Joanes.

Maria Luísa Dias Gonçalves tem a certeza de que andou a frequentar o “Ensino Secundário “ no Fundão, sendo seu professor Agostinho Nogueira, grande mestre e figura politica.

A estadia dos seus pais em Aldeia de Joanes passou de duas décadas. Já padre, D. João Oliveira Matos, veio muitas vezes a casa dos seus progenitores e mais tarde de seu irmão António. Tinha grande devoção a Nossa Senhora da Amparo e nas suas deslocações celebrava na sua Capela a Eucaristia e dedicava algum tempo às confissões, dado que “ as pessoas gostavam de se confessar a este santo sacerdote.”

Ele conhecia todas as pessoas de Aldeia de Joanes, e quando as encontrava em qualquer local, afirmava sempre: “ olhem para as gentes da minha Aldeia de Joanes “. Até pela fala nos conhecia”, diz-me a minha interlocutora, e acrescenta,” era muito bom homem: a todos cumprimentava, tinha uma palavra amiga, não fazia distinções, para ele eram todos iguais. O mesmo se poderia dizer da família Matos, gente boa e santa”.

Muitas vezes, já como Bispo, na década de 1950, veio a casa do seu irmão António de Oliveira Matos, na Rua do Castelo, em Aldeia de Joanes, onde hoje vive Manuel Monteiro e Maria Lurdes Supico Serra Monteiro.

O Padre Manuel Joaquim Martins, ex-pároco da Aldeia de Joanes, confirmou pessoalmente, aquilo que acabo de escrever, tendo oportunidade de ouvir estas versões sobre a família de D. João de Oliveira Matos em Aldeia de Joanes. As gentes de Aldeia de Joanes, estiveram sempre nos caminhos da santidade, de D. João Oliveira Matos, “ UM BISPO, UM PROFETA, UMA LUZ…”, porque ninguém cresce e é santo sozinho.

A elaboração deste texto só foi possível, com a colaboração de Maria Luiza Dias Gonçalves, Elias Dias Gonçalves, amigos pessoais de D. João de Oliveira Matos e dos seus familiares, residentes no Fundão, e de Rosa Maria Diogo, residente em Aldeia de Joanes, a quem agradeço.

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Junho/2013