AMAR O PRÓXIMO – Voluntariado Católico

Alguém dizia que só há duas coisas infinitas: o universo e a ingratidão humana. Em tempos em que a Bondade parece estar fora de moda e quase todos se refugiam no egoísmo da sua vida, ainda há gente que, de forma voluntária e desinteressada, procura ajudar o próximo com um simples gesto de Amor e Alegria. Hoje falo-vos de pessoas que se têm dedicado, com alma e coração, a causas nobres em tanto lado por estas terras da nossa Beira Interior.

Concretamente em Aldeia de Joanes, mesmo nas portas do Fundão, conheci através de diversos contatos a Maria Manuela, que com espírito de sacrifício e missão, sem pedir nada em troca, tem ajudado voluntariamente várias crianças, transmitindo-lhes os ensinamentos da nossa matriz social ensinada por Jesus Cristo, Nosso Senhor, que na devoção de catequizar, emprestas-lhe uma dimensão humana e universal

Tenho consciência que a Maria Manuela sente fortes amarguras dentro de si, causando-lhe maleitas que infelizmente a afetam, mas não deixa por isso de resistir às contrariedades, muitas das vezes causadas pelos comentários mais absurdos e desenquadrados, oriundos de gente incompreendida, e que procura, nestas comunidades, o equilíbrio na maledicência e na destruição de ideias e projetos.

Entre as várias ações que promoveu, houve uma que me sensibilizou particularmente que foi a celebração do aniversário das crianças da catequese, um momento de grande alegria partilhado entre todos: as crianças em primeiro lugar, depois os pais e demais familiares. Aliás, o hábito da celebração do aniversário nunca foi muito comum na nossa Beira, mas nos dias de hoje, para o nosso futuro, os homens e mulheres do amanha, sem duvida que o gesto da Maria Manuela, é de louvar, porque perpetuará estas recordações.

“Que valem dez hálitos azedos perante o sorriso de uma criança a soprar nas velas do seu nascimento? Pensei quando soube das dificuldades num evento que aparentava ser cordial, acolhedor, harmonioso e acima de tudo Cristão: a celebração da vida!

Fiquei surpreendido que a festa em si não tem qualquer custo para a Paróquia, porque a Maria Manuela, com a sua força voluntária tem conseguido obter os bolos gratuitamente.

Efetivamente nem tudo é negativo nas nossas terras. Embora estejamos a perder população ativa todos os anos, há muita gente voluntária, com devoção católica, que tudo faz em prol das suas comunidades, sem esperar qualquer recompensa ou prémio.

Mas a Maria Manuela não é só agora que tem mostrado vontade de ajudar o próximo.

Nos princípios da década de sessenta do século passado, ainda jovem, já percorria as várias quintas e arredores, pedindo ovos, galinhas ou coelhos, que depois eram leiloados, obtendo-se algum dinheiro. E foi assim que deu o seu contributo para a construção da casa paroquial de Aldeia de Joanes.

Também nesse tempo, a Maria Manuela, deslocava-se à residência de D. Maria Salete de Brito, nas quintas, acompanhada pelo Reverendo Padre Manuel Joaquim Martins, dando catequese e apoio humanitário a um elevado número de crianças. Quem não se lembra da pobreza e miséria em que algumas viviam. Mas a Maria Manuela voluntariamente ajudou para que aí fizessem a Primeira Comunhão, em Eucaristia Campal junto à residência daquela senhora, onde, posteriormente, foi lançada a ideia para a construção de uma Capela (hoje Capela de São José). Além de ter dinamizado e sensibilizado a comunidade para o isolamento e condições difíceis destas pessoas, contribuiu decisivamente para a criação da comissão de obras e para a doação do terreno.