Moções Finais – Assembleia Geral do Clero de 2012

 

Na Assembleia Geral do Clero da Diocese da Guarda, que se realizou a 23 e 24 de Maio, os sacerdotes e os diáconos participantes aprovaram as seguintes três moções, que englobam os diversos contributos recolhidos nestes dois dias de trabalho:

 

 

 

Examinar a Saúde do Presbitério

Foi este assunto objecto de reflexão e de várias intervenções na Assembleia, nomeadamente quanto ao tempo e ao espaço que cada sacerdote e cada diácono dedica à vida espiritual e de oração, no exercício do seu ministério. A ausência desta saúde pode ser fonte de outros problemas, tais como: falta do testemunho que devemos dar às comunidades; alguma falta de convivência entre as várias faixas etárias do clero; a falta de caridade fraterna entre o mesmo clero; a ruptura com a Diocese; a fragilização do relacionamento entre Bispo e Presbitério e vice-versa; o desencanto entre o ideal projectado e o realizado; a falta de critérios unânimes na acção pastoral que cria dissabores entre os responsáveis pastorais; a forma como nos situamos e agimos nos meios sociais em que nos inserimos, nomeadamente na nossa relação com os Centros Sociais Paroquiais. Sentimos que é necessário valorizar sobretudo o que é essencial para a acção pastoral diocesana, promovendo mais a qualidade do que o número das nossas acções.

Sugere-se uma continuada reflexão séria e efectiva sobre a saúde do nosso presbitério, promovendo acções práticas conducentes à prioridade que devemos dar às formas de relação inter-pessoal e de unidade na acção pastoral; à forma como nos cuidamos uns aos outros e como cuidamos a nossa formação permanente, que desejamos com novo ritmo. Na base desta moção estiveram também diversos testemunhos de alegria e de realização no exercício do nosso ministério.

 

Empenhamento na promoção das Vocações Sacerdotais e de especial consagração

Foi outro assunto reflectido e objecto de várias intervenções. Partindo da realidade concreta da nossa Diocese, nomeadamente do contributo dos responsáveis por esta acção pastoral, reflectimos sobre novas formas de promover uma cultura vocacional, a qual terá de passar, em primeiro lugar, pelo testemunho pessoal de Cristo Ressuscitado que é pedido sobretudo aos sacerdotes, para que haja verdadeiro encontro entre cada pessoa humana e a pessoa de Cristo, com consequente interpelação vocacional.

Tanto neste encontro pessoal com Cristo bem como no acompanhamento dos que se sentem vocacionados para uma entrega incondicional a Ele, o sacerdote, a comunidade cristã e a família têm função insubstituível a desempenhar.

Para isso é necessário repensar, da parte da Diocese, o lugar e a importância que devem ser dados particularmente à pastoral da família e à pastoral juvenil.

Há grande necessidade de se fazerem propostas vocacionais não apenas nas idades infantil e da adolescência; é necessário fazer presente o testemunho dos vocacionados, principalmente os sacerdotes e outras vocações de especial consagração, nos diversos lugares da vida social (especialmente nos meios universitário e do trabalho). Sublinhe-se que o testemunho dos sacerdotes é um dos grandes contributos para uma pastoral vocacional profícua.

Destacou-se a situação difícil que hoje existe para a desejada cultura vocacional, dadas as actuais condições sociais, familiares e económicas, incluindo a regressão demográfica, bem como a falta de transmissão dos valores da Fé por parte das famílias; acentuou-se também a necessidade de repensar novos modelos de promoção e de formação vocacional particularmente dando atenção diferenciada às diversas situações dos possíveis vocacionados. Foi referido que continua a haver nas nossas comunidades vocacionados esquecidos e desaproveitados e ainda que é necessário cuidar melhor as condições, incluindo económicas, para a formação dos vocacionados.

 

Interpelações vindas do Povo de Deus

Foi este outro assunto a que a Assembleia deu atenção. Face aos dados recolhidos a partir de um inquérito previamente feito, sentimos que o Povo de Deus pede ao sacerdote que seja, antes de mais, homem anunciador do Evangelho com linguagem e comunicação inculturadas e acessíveis ao mundo de hoje; homem de fé e oração, prioritariamente preocupado com a sua vida espiritual e com o equilíbrio entre o seu ser e o seu agir, isto é, entre vida espiritual e acção pastoral; testemunha de alegria e de esperança no esforço constante por realizar a proximidade com o Povo de Deus, sem fazer acepção de pessoas e sem esquecer o essencial da sua missão que é construir o Reino de Deus, segundo o modelo de Jesus Cristo Ressuscitado, o Bom Pastor.

A Assembleia considerou ser oportuno fazer chegar às Comunidades Cristãs o seu desejo de responder com determinação e coragem a estas e outras interpelações que lhe foram feitas. Decidiu fazê-lo num documento que será aprovado no próximo Conselho Presbiteral para depois ser enviado às comunidades.