BISMULA – 50º ANIVERSÁRIO DA DEDICAÇÃO DA IGREJA PAROQUIAL

Ao entrarmos na sacristia da Igreja Paroquial da Bismula (Sabugal), ao lado das fotografias do Bispo da Diocese e do Papa Francisco, lá está uma placa de mármore, com a data de 8 de Setembro de 1966 a informar: “ ao Reverendo Padre Delmar Barreiros a quem se fica devendo esta Igreja. A Bismula agradecida.”
Naqueles tempos entendeu-se que a melhor solução para o crescimento da população seria a construção de uma nova igreja, embora começassem já a anunciar-se os sinais da emigração, principalmente a clandestina para França. Os responsáveis das hierarquias eclesiásticas, sem sensibilidades na defesa do património religioso, determinaram a destruição de uma igreja, e com os destroços da mesma ergueram a atual.
Cinquenta anos e dois dias volvidos, lembrou-se o acontecimento com a presença do Bispo Diocesano, acompanhado por oito padres e três diáconos e um povo que quase enchia a igreja.
O Pároco Daniel José Tomé da Silva Cordeiro salientou que durante estes anos, o espaço foi de alegria e também de sofrimento. Não deixa de ser uma casa de esperança, uma paróquia é a família das famílias. Num período de austeridade e de grande pobreza, enalteceu e agradeceu o empenho, a dedicação e o sacrifício do povo bismulense, unido na construção deste templo.
Simultaneamente recordou-se que há cinquenta e um anos, um filho da terra, o Padre Manuel Fernandes, missionário claretiano, ali celebrou, ainda com as obras em curso, a sua primeira missa. Também aqui se está para agradecer esse dom sacerdotal.
A sua conterrânea, Maria Otília Ramos, leu um texto de homenagem e entregou-lhe uma lembrança em nome da comunidade da Bismula.
O Padre Manuel Fernandes agradeceu, referindo que o grande herói desta Igreja que nos acolhe foi o Povo da Bismula.
No Salão da Junta de Freguesia, com a generosidade das gentes da Bismula, foi bonito verificar que todos estavam unidos por uma causa comum, independentemente das ideias e do partidarismo de cada um, o que bem atesta a partilha de um lanche comunitário. Foi feita uma saudação geral aos naturais da Bismula que um dia partiram para a missão…
Recolhemos a opinião de algumas pessoas da Bismula sobre o acontecimento dos cinquenta anos da atual Igreja.
Joana Pereira: “ a atual Igreja é um edifício que arquitetonicamente se destaca, merecendo no entanto, melhoramentos de ordem estético-religiosa no interior.”
Joaquim Ramos: “devia ter sido preservada a Igreja antiga e terem feito uma nova de raiz. Toda a gente mais antiga é da minha opinião. Era sempre uma recordação que herdámos dos nossos antepassados.”
António Dias: “naqueles tempos era necessário uma igreja maior porque havia muita gente. Não havia necessidade de destruir a igreja antiga com muito valor, mas sim fazer uma nova em qualquer local da Freguesia da Bismula.”
Suzana Maria Antunes André: “só conheci a igreja atual, porque a antiga já tinha sido deitada abaixo. Segundo os meus familiares era uma igreja muito bonita e tinha altares de talha dourada valiosos.”
Maria Amélia Pinheiro: “nunca deviam, na minha opinião, deitado abaixo a igreja antiga. Deviam tê-la preservado e construir outra em qualquer lugar. Talvez o Povo não tivesse conhecimento do seu valor. Ao nosso lado vemos Igrejas ricas de património e a da Bismula está vazia.”
Manuel dos Santos Valente Tomé: “tinha dez anos quando a deitaram abaixo e não tinha uma ideia exata dos valores dos altares. Sinto-me triste por ter sido destruída, principalmente quando entro em outras igrejas vizinhas, que eram muito inferiores à da Bismula. Mudaram as entradas e fizeram uma escadaria impensável e inconcebível.”
Maria Albertina Carvalho: “temos uma Igreja sem alma. Falta ali qualquer coisa. Uma Igreja sem coração.”
Tinha dezanove anos quando aconteceu a destruição da Igreja da minha aldeia natal e já tinha emigrado para Setúbal com os meus familiares.
Este texto foi difícil de escrever, as razões estão expressas nas palavras que os meus conterrâneos manifestaram. Escrevi-o por homenagem ao POVO DA BISMULA, O MEU POVO, que continua generoso.

António Alves Fernandes
Aldeia de Joanes
Setembro/2016

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