«É preciso que Jesus reine»

O anúncio do Reino de Deus constitui o núcleo central da pregação de Jesus e a razão de ser de toda a sua vida: «O Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho» (Mc 1, 15).

Jesus fez este anúncio com as suas palavras, mas foi com as suas obras que o deu  a conhecer aos homens e mulheres do seu tempo: sentava-Se à mesa com os pobres e pecadores, curava os doentes e procurava os abandonados e perdidos.

Hoje, a missão da Igreja não deve ser outra que a de proclamar o amor gratuito de Deus, a conversão ao Evangelho, o dom do Espírito, o Baptismo para o perdão dos pecados e de formar comunidades cristãs onde a fraternidade tenha o primeiro lugar. Esta é a dimensão mais importante da vida cristã: a relação pessoal com Jesus Cristo, ou seja, a fé que nos leva a descobrir ser a Pessoa de Jesus de Nazaré, o Filho único do Pai cheio de graça e de verdade, que sofreu e morreu por nós, e ressuscitado vive connosco para sempre.

Por isso, para cada um de nós, evangelizar consiste em «levar a Boa Nova a todas as parcelas da humanidade e, pelo seu influxo, transformá-las a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade» (EN 18).

Os documentos do Concílio Vaticano II, o grande catecismo dos tempos modernos (CT 2), continuam a ser, passados estes cinquenta anos do seu início, a fonte de renovação da Igreja.

Nesta corrente de mudança e de atenção aos sinais dos tempos quero inserir-me no meio de vós. Convosco desejo construir comunidades cristãs onde todos os baptizados possuam uma fé, fruto de uma opção pessoal, uma fé, onde não haja divórcio entre o que se acredita e o modo como se vive, uma fé feita comunhão frente ao individualismo e, sobretudo, uma fé presente no coração do mundo, isto é, na família e no trabalho, na política e no compromisso pela transformação da sociedade.

No momento em que se torna pública a minha nomeação para bispo auxiliar da Arquidiocese de Braga, agradeço a Sua Santidade, o Papa Bento XVI, a confiança em mim depositada. Também eu me sinto um humilde trabalhador na vinha do Senhor.

Saúdo o Senhor Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, de quem sou colaborador na Igreja de Braga, o Bispo Auxiliar D. Manuel Linda, sem esquecer o Senhor Arcebispo Emérito D. Eurico Dias Nogueira. Desejo saudar todos e cada um de vós que trabalhais na construção do Reino de Deus na Arquidiocese de Braga, de modo particular, os sacerdotes e diáconos, os religiosos e os leigos que se dedicam à obra da evangelização, pedindo-vos me ajudeis a ser quanto Deus quer de mim, na certeza da realização do meu lema episcopal «É preciso que Jesus reine» (1 Cor 15, 25).

Invoco, ainda, a protecção de Santa Maria Maior de Braga, ou da Guarda, a Senhora do Sameiro.

D. António Manuel Moiteiro Ramos

Bispo-Eleito Auxiliar de Braga