Domingo de Pentecostes.

Soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo». (cf. Jo 20,19-23)

Na tarde daquele primeiro dia a criação gemia de medo.

As portas estavam fechadas e o diálogo cortado.

Já ninguém confiava, pois o medo aprisionava-os.

Jesus aproxima-se, traz as marcas da luta contra o mal

e a força da paz que quer curar e recriar a humanidade.

Já vai longe a primeira criação em que tudo era muito bom!

É preciso começar tudo de novo e a partir de dentro.

Jesus sopra sobre eles e pede-lhes que acolham o seu alento,

que os há de libertar do medo, do ódio e do egoísmo

e os transformar em obreiros da reconciliação

e apóstolos da vida que continuam a sua missão.

Ir à catequese, receber a primeira comunhão e a Crisma,

casar na Igreja, confessar-se, ir à missa, rezar…

podem ser manifestações de fé ou simples práticas religiosas.

O que distingue uma comunidade fechada sobre si mesma

da Igreja em saída, destemida e evangelizadora

é o encontro com o Ressuscitado e o acolhimento do seu Espírito.

Os sintomas e os frutos de que um novo Espírito nos possui,

nos guia, fortalece e anima é a alegria da fé, a comunhão no amor,

a paz que se transmite, o perdão que se oferece,

a profecia que permeia todas as atividades religiosas e profanas,

a esperança com que se condimentam as dores e as trevas.

Sem o Espírito tudo é ritual e cultural, dever, farinha sem fermento!

Senhor, nosso criador e salvador, obrigado porque não nos abandonas

e vens ao nosso encontro com o bálsamo da tua misericórdia,

o pão que rejuvenesce e o sopro do amor que ilumina o horizonte.

Louvado sejas, meu Senhor, porque na tarde do nosso desalento,

sempre nos surpreendes com o dom do Fogo divino que Te anima

e que faz novas todas as coisas nestes corações deprimidos.

Abre-nos à ação profética do teu Espírito

e liberta-nos do capricho e da teimosia em vivermos apenas o presente,

sem o anseio da fraternidade nem o horizonte da eternidade.

Faz de nós novas criaturas, discípulas do Ressuscitado,

artífices da paz, testemunhas da vida e anunciadores do Evangelho.

Maria, Mãe da Igreja, ensina-nos a viver na alegria do Espírito Santo.

Pe. José Augusto 

Domingo de Pentecostes

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