Obedecendo até à morte e morte de cruz. (cf. Fil 2,6-11)

Jesus é o Filho de Deus enviado a todos, mesmo aos invisíveis.

Desceu do Amor, encarnou na carne limitada e de dor,

na periferia viveu, as mãos calejou, companheiro se mostrou.

Foi filho do carpinteiro e de Maria, foi nazareno e galileu,

profeta, mestre, filho de David, acusado de ser possuído de Belzebu,

ternura gratuita em oferta aos pecadores, amigo dos marginalizados…

Aclamaram-no rei e acusaram-no de ser revolucionário e blasfemo…

Em tudo, Jesus não buscou o que lhe apraz e a glória humana,

mas apenas obedecer ao Pai de revelar um Deus-Amor

que quer salvar a todos numa aliança incondicional e eterna.

A vida às vezes parece uma fuga da dor.

A evasão soluciona-se com analgésicos, anestésicos e drogas.

A fidelidade a um projeto ou a uma pessoa amada

entra em stresse quando surgem problemas de saúde,

económicos, de desemprego, de diálogo, de rotina…

A fidelidade a Deus e aos compromissos do Batismo

é esquecida ou desvalorizada quando exige ascese,

verdade, dedicação, suportar o silêncio na oração,

acreditar na recompensa só visível em promessa,

responder ao mal com o bem, oferecer perdão a sangrar.

Senhor Jesus, Rocha firme dum amor a toda a prova,

ensina-nos a amar como nascente sempre a brotar,

seja primavera esperançada de paixões enamoradas,

seja verão cálido de diálogos ressequidos,

seja outono maduro de beleza enrugada,

seja inverno frio das relações amortecidas e congeladas.

Ajuda-nos a ser sujeitos cireneus nesta Semana Santa

e não meros espetadores da injustiça a atuar e da fé a florir.

Pe. José Augusto Leitão