Ecos da morte do missionário Álvaro Magalhães

Há tempos, o meu amigo Fernando Firmino, residente em Setúbal e leitor assíduo destas crónicas, prometeu enviar-me recortes de jornais que assinalassem o falecimento do Missionário do Coração de Maria – Álvaro Teixeira, de quem era admirador.

 É oportuno lembrar que Fernando Firmino é um cidadão de Silvares, dedicando muito do seu tempo extra a atividades cívicas e culturais, sem nunca esconder as suas convicções comunistas.

Privilegia os princípios de respeito pelo humanismo socialista, o combate pelas causas do Povo, privilegia francos e abertos diálogos e está na linha de uma Igreja Pós-Conciliar. Admira figuras distintas como Teihard Chardin, o Padre Jesuíta António Ferro ou o Padre Dr. Octávio Morgadinho. Também não esquece diversas coletividades como o Rancho Folclórico de Silvares.

A Assembleia de Freguesia de Silvares, por unanimidade, decidiu atribuir-lhe a Medalha de Mérito, recebida a 21 de Junho de 2006, Dia do Aniversário daquela Vila. Esta condecoração deu-lhe mais força para estar sempre presente na defesa do património e dos valores da sua terra natal.

Cumpriu e a encomenda chegou recheada de documentação relacionada com o adeus ao Padre Álvaro Teixeira, sepultado no Cemitério de Nossa Senhora da Piedade em Setúbal.

Uma das imagens mais surpreendentes é uma multidão de centenas de pessoas à Porta do Cemitério a bater palmas, enquanto um grupo de sacerdotes conduz a urna do seu companheiro no presbitério e à sua frente o Bispo da Diocese. A fotografia é tão mais surpreendente, porque uma imagem vale mais que mil palavras, sobretudo quando estamos habituados, quando vemos nos funerais de sacerdotes, alguns dos seus colegas a desapareçam em grande velocidade, mal termine a cerimónia litúrgica exequial.

Dos recortes de jornais, salientam-se as palavras de D. José de Ornelas, Bispo de Setúbal, enaltecendo o tributo que a população setubalense prestou, uma forma de agradecer a quem tanto amou a cidade, rapidamente adotado como cidadão exemplar. Também salientou que é uma grande perca para Setúbal, mas é sobretudo um ocasião de guardar a memória deste homem que sempre viveu para esta cidade.

O Presidente da União de Freguesias de Setúbal refere que foi uma morte muito sentida e que o Padre Álvaro Teixeira deixa uma marca no trabalho realizado e na constante procura de entendimentos.

Rui Canas Gaspar, que fez parte de uma plêiade de altos dirigentes escutistas da Região de Setúbal, disse: “A cidade acaba de perder um grande homem, que muito fez pela comunidade, nomeadamente na Paróquia de S. Sebastião”.

Não podia deixar de mencionar a “Carta a um grande amigo,” uma Homenagem a este saudoso Missionário, do Professor Eugénio da Fonseca, ex-Presidente da Cáritas Portuguesa e da Cáritas de Setúbal. Conheceram-se há 40 anos, colaboraram nos diversos serviços diocesanos, nem sempre em convergência mas sem beliscarem a amizade e o bom trato pessoal: “Apesar de muitos obstáculos, venceu-os com corajoso labor apostólico, na edificação das comunidades cristãs. Fê-lo como Bom Pastor evangélico e nunca como o “funcionário” religioso. Vi-te chorar quando comparaste a vitalidade dessas comunidades africanas fervilhantes de vida às da Europa envelhecida. Termina com um “ATÉ SEMPRE, MEU GRANDE AMIGO.”

 Também termino este texto com um agradecimento, pela amizade e consideração que o Álvaro Teixeira sempre manifestou ao meu saudoso Pai, ministro da comunhão e da minha Mãe catequista, na Zona Pastoral do Coração de Maria de Setúbal. Bem aja.

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

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