Ecos de uma peregrinação… Franciscana

Há muitos anos, por iniciativa de Higino Serra Cruz, que uma equipa de gentes da Comunidade Aldeia de Joanes, se desloca a Fátima, no primeiro fim-de-semana de Outubro. A motivação principal desta viagem é a associação à Peregrinação da Família Franciscana Portuguesa, este ano sob o lema “ o Senhor deu-me o cuidado dos Irmãos”, palavras retiradas do Testamento de S. Francisco de Assis, que em muitas das passagens dos seus escritos nos indica uma conceção de vida comunitária e de fraternidade.

O programa é muito abrangente e tem sempre por opção pessoal, uma componente cultural, que se concretizou com uma visita ao Mosteiro de Alcobaça, contando com o apoio de um casal com raízes arraianas – em Aldeia da Ponte (Sabugal), – a Professora Fernanda Bárbara Barroso da Silva Nabais e o marido António José Nabais. Com conhecimentos e entusiasmo, explicaram e descreveram a grandiosidade da Sala dos Reis, com uma azulearia ilustrando episódios da sua fundação, da Cozinha Conventual, onde D. Pedro mandava assar os seus troféus de caça, dos Claustros, do Refeitório dos Frades, da Casa do Capítulo, onde se tomavam as decisões mais importantes da vida do Convento. A visita terminou na Nave Central, a Igreja onde se celebra a Eucaristia e onde se encontram os túmulos de uma grande riqueza arquitetónica, rendilhados com figuras bíblicas e únicos no mundo. De cada lado do altar, em frente um do outro, estão Inês de Castro e D. Pedro. Ao olhar para estas duas grandes figuras da História de Portugal, Fernanda Barroso Nabais, além de professora também poetisa e pintora, escreveu no seu livro de poemas “ Afetos e Memórias”: “Aqui descansas linda Inês, frágil donzela/Que fostes morta por amares tanto/As tuas lágrimas, em derradeiro pranto/Ensombraram a tua face bela…Neste Mosteiro foste sepultada/Depois de morta fostes coroada/Pelo rei D. Pedro, o amor da tua vida…”

Abandonada cedo de mais a cidade dos doces e licores conventuais, muito havia para visitar, seguiu-se rumo para a Praia da Foz do Arelho. Ali celebrou-se o paladar, principalmente através de frutos do mar.

A meio da tarde, chegámos à Cova da Iria, ficando instalados na Casa de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, Obra da Liga dos Servos de Jesus, fundada por D. João de Oliveira Matos – “ um Bispo, um Profeta, uma Luz…” -, que nasceu em Valverde (Fundão).

Esta Casa foi construída há cinquenta e três anos para ali receber, durante algum tempo, Irmãs para repouso e peregrinação. A sua atual responsável, Irmã Delfina Gonçalves Monteiro, natural de Panoias (Guarda), recebeu-nos com simpatia, simplicidade e humildade, qualidades que qualquer cidadão bem-intencionado observa de imediato. Já passou por diversas casas, destacando a da Ruvina (Sabugal). Para muita gente, esta Serva de Jesus, foi uma Mãe… A Casa tem mais duas Irmãs idosas, Olinda Marques e Fernanda de Jesus Ferreira. Servas trabalhadoras, a sua vida consagrada é dedicada à oração e ao trabalho. Desempenham diversas tarefas no Santuário, além de serviços agrícolas na sua horta e domésticos. Olhamos para estas mulheres e temos de louvar a sua missão. Estou convicto que este “modus vivendi” está na linha do pensamento do nosso Papa Francisco. Vivem preocupadas, vivemos preocupados, por não aparecerem jovens que deem continuidade à sua Obra, às suas atividades, à Missão…

Da Peregrinação da Família Franciscana Portuguesa, não se vai esquecer tão cedo o concerto orante com o Grupo Musical “ Mendigos de Deus “, que atuou no Centro Paulo VI.

No adeus a Fátima, com partida para Aldeia de Joanes, cada um de nós, seguidores de Francisco de Assis, fixamos as palavras que anunciou com alegria: “ O SENHOR DEU-ME O CUIDADO DOS IRMÃOS”.

No próximo ano esperamos estar novamente presentes, com a mesma fraternidade e alegria.

 

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes