FALAR DE CATEQUESE

Iniciou-se o segundo período escolar acompanhando a Catequese este novo ciclo estudantil. Talvez por essa razão, ultimamente tenho ouvido falar muito de Catequese, um tema que me é muito querido e um dos principais alicerces da Igreja, ou seja, da nossa Comunidade Cristã.

Num conhecido semanário regionalista leio uma entrevista com o Diretor do Departamento da Catequese da Infância e Adolescência, que responde com sabedoria a diversas perguntas que lhe são colocadas.

O tema de fundo era uma acção de formação para catequistas, tendo sido extensiva a párocos, professores de EMRC, educadores e aos próprios pais.

    Em vinte anos como catequista não há dúvidas de que a Diocese da Guarda tem apostado muito na formação cristã, tendo, no entanto, de ser contínua e assídua.

Para não ferir susceptibilidades não tenciono mencionar, ou destacar, «nomes», mas sem dúvida que me ensinaram muito na forma e no conteúdo do cristão assumido que sou hoje!

Um pároco marcou uma reunião, a primeira deste ano de 2019, para fazer uma análise e um balanço ao primeiro trimestre, tendo apresentado o programa de actividades para este segundo período catequético. Noutros tempos, era regra fazer-se logo no início, em outubro, um plano geral de atividades até ao último dia de catequese. Aliás como em todas as organizações que acompanham o calendário escolar.

No primeiro trimestre, celebra-se a Festa de Cristo Rei, a Festa de Todos os Santos, o Magusto, a Festa de Nossa Senhora da Conceição, Rainha de Portugal, e a Celebridade do Natal. Nesses tempos era usual promoverem-se actos cénicos, mesmo com a participação dos familiares das crianças, outros movimentos ou festividades na comunidade cristã, e era hábito efetuar-se uma visita ao Lar dos Idosos da Paróquia ou a um Infantário ou a um Instituto Assistencial.

Para alicerçar os laços de amizade e de partilha, ainda antes do Natal, também se organizava uma refeição conjunta envolvendo Catequistas, Pároco e responsáveis de outros movimentos católicos da Paróquia.

No segundo trimestre a comunidade da catequese envolvia-se na Festa da Epifania, Festa dos Reis, as Janeiras, o Carnaval, Festa de São José, o Dia do Pai, vivência do período da Quaresma, participação em acções de reconciliação e de partilha, da via-sacra adaptada e, na celebração mais importante da nossa Fé, a Páscoa, a Festa de um Cristo Ressuscitado.

Também neste período lectivo acontece o Peditório Nacional da Cáritas e as crianças e adolescentes são envolvidos nesta acção de voluntariado e de solidariedade.

No terceiro trimestre, e último período, a festividade do Dia da Mãe, da Ascensão de Senhor, da preparação da realização da Primeira Comunhão e da Comunhão Solene.

Também nesses tempos, no final da Catequese, com o tempo primaveril, acontecia sempre um passeio, com componentes culturais e pastorais, como por exemplo a visita a um rebanho e à missão do pastor…

Os aniversários das crianças devem ser lembrados, convidando um ou outro elemento pedagógico com uma mensagem catequética, estando igualmente presentes familiares e amigos, onde todos deverão participar igualmente, para além da festa laica, na celebração da missa ou de algum acto litúrgico.

Mas não deve ficar apenas por aqui a acção e missão da Catequese. Nas Paróquias onde há frequência escolar do primeiro ciclo deveria existir um leigo disponível, com competências e mandatado pelo Pároco, para sensibilizar as crianças a inscreverem-se na Catequese, pese embora tenham de ter a anuência dos respectivos pais ou encarregados de educação.

Por isso acho que não basta um apelo do púlpito para a inscrição na Catequese que muitas vezes, por falta de um esclarecimento cabal, acaba por não se saber qual o caminho certo para termos crianças nas nossas catequeses.

A Catequese nos tempos actuais é muito difícil devido a muitos fatores externos, como o desinteresse dos pais, da sociedade baseada em valores materiais e na falta de estruturas e investimentos pastorais. Surgem todos os dias novas tecnologias, rapidez, que levam a um desinteresse por conhecer quem foi Jesus Cristo e o papel fundamental na nossa vida social e espiritual, deixando-se de aprofundar questões e interrogações que nos ajudam a viver melhor.

Como catequista aprendi que é preciso ter muita paciência sendo a primeira, a segunda e a terceira virtude para concretizar esta nobre missão. Paciência para dar tempo de antena a estas novas crianças e jovens, para exteriorizar, abstrair os ruídos, relativizar, mas valorizar o que se tem de ensinar e transmitir, desvalorizando as circunstâncias destes tempos.

Um jovem da Catequese tem de sentir que um catequista pratica o que afirma, se preocupa com ele e também com os seus familiares, nomeadamente problemas sociais que afectam o crescimento da criança. Na Catequese precisa-se de saber transmitir “Deus, Pão e Ternura” e quem conseguir investir neste trio tem um sucesso extraordinário junto dos seus catequizados.

A frase da escritora Isabel Stilwell é muito oportuna neste “FALAR DE CATEQUESE”:

as coisas importantes só as ensinamos pelo exemplo.   

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Janeiro/2019