Devo lembrar o meu irmão Escuteiro, António Alves Fernandes, que é muito parecido comigo. Primeiro é ter uma vida cheia de actividades e preocupações. Segundo, António, agora está em recuperação porque também “caiu” e foi sua cabeça que o amarrou a uma doença que ele felizmente superou.

Após a doença desse meu amigo, comecei a sentir os primeiros medos, mas o facto é que não passavam de momentos de reflexão, nos quais, na realidade, nada fiz. Ainda estava acelerando e o tempo estava acima de 100% de ocupação.Nas férias de Natal, em 2018, numa das viagens que costumo fazer com António, recebo um telefonema que me deixou muito perturbado.

O meu amigo sentiu que não estava bem. Eu rebati insistindo que não sentia nada de preocupação.Mas o facto é que ele insistiu e me levou a um médico. Sem perceber, como uma borracha que varre a minha memória, tive dificuldade em responder “coisas” simples, como: dia, mês ou ano, o nome de minha esposa, das minhas filhas e também o local onde nasci.

De repente, entro no vazio, olhando para o médico com uma visão muito preocupante. Então, ele fez alguns testes dos quais nem me lembro hoje. No final, nunca esquecerei aqueles olhos pesados de um médico seguramente experiente, contrastado com um esboço de sorriso: “Como estudante de bioquímica, você sabe que os órgãos mais importantes que temos são o cérebro e a coluna vertebral”. Sem dúvida, a terrível depressão estava batendo na minha porta, mas com um toque tão suave que eu não notei nada.

No começo, fiquei aterrorizado com o que ouvi. Nem a pressão sanguínea nem os batimentos cardíacos emitiram qualquer sinal de alerta. Todo o mal estava na cabeça, nas preocupações e na falta de descanso. Era urgente cortar com as principais preocupações e algumas das mil atividades que eu tinha.Curioso.

A biomedicina ainda não descobriu máquinas para detectar e avaliar previamente esta doença.A opção foi isolamento e medicação que motivaria o meu espírito. E sem dúvida, com o passar do tempo, as memórias “brancas” desapareceram, a voz parou de se segurar e eu comecei a entender que na verdade não estava bem.

O próprio pensamento voltou a fluir de outra maneira, sem medo, sem medo.O telefone também foi outro objeto que foi desconectado e escondido na gaveta de um armário antigo. Também para esquecer. A conversa passou a ser apenas com a família.Infelizmente, muitas pessoas que vivem em sociedades modernas sofrem do mesmo.

Estranho, homens e mulheres em países pobres da África, Ásia ou América do Sul não terem este fagelo. E as dificuldades são, num ponto de vista europeu, muito difíceis, de facto. Então, por quê esta diferença importante? A mente é apenas uma colina nos países ricos?De facto, ser rico, numa teoria de uma vida maravilhosa, é uma realidade virtual.

Em Portugal e Espanha, nos anos sessenta, as famílias pobres tinham cerca de dez filhos e foram tão felizes como hoje são famílias em países menos favorecidos.Portanto, a mente e o dinheiro devem andar de maneiras diferentes. Mas, na actual sociedade moderna, este assunto é, de facto, muito próximo.E é uma pena, na verdade!

Luanda, 01 de Agosto de 2020

António José Alçada