MANUEL FELÍCIO – ONZE ANOS AO SERVIÇO DA DIOCESE

Veio há onze anos do Patriarcado de Lisboa, onde era Bispo-Auxiliar, este jovem Bispo com raízes beirãs, para a Diocese da Guarda. Chegou num dia frio, mas com sol, felizmente não havia nevoeiro. Apesar da baixa temperatura, depressa recebeu o calor humano, o acolhimento da maioria do seu presbitério, dos cristãos das comunidades paroquiais, das gentes da sua Diocese.

Ninguém faz uma análise, um balanço, toma decisões de qualquer organismo, se não tiver um conhecimento aprofundado. O nosso Bispo, no seu primeiro ano de serviço episcopal, teve o cuidado de ir conhecer o território da Diocese á sua responsabilidade, os padres, os movimentos, os serviços, as obras de apostolado, os arciprestados, as paróquias… Com estas visitas de “estudo in loco “, recolheu os elementos necessários para uma futura ação pastoral, social e humana.

Implantou uma inovação, publicar semanalmente a sua agenda de trabalho, só os distraídos ou alheios a estas causas, não tem conhecimento antecipado das diversas atividades de carater episcopal, litúrgico, cívico na diocese, no país e no estrangeiro.

Durante seis anos, de 2006 a 2012, concretizou um processo de visitas pastorais por arciprestado, mais demoradas e pormenorizadas, com vontade de chegar a todos os lugares das paróquias, contatos pessoais mais alargados com os párocos, colaboradores, cooperadores e instituições eclesiais. Também não quis esquecer e descurar as instituições da sociedade civil, universidade, escolas, lares, jardim-de-infância, empresas, poder autárquico, associações desportivas, musicais e culturais, por onde passam muitas opções das comunidades e das pessoas. Convidado para estar presente num encontro de centenas de caçadores no Souto da Casa (Fundão), aceitou e deixou uma mensagem de fraternidade, rezando o Pai Nosso com todos os presentes.

Como pessoa organizada, as suas visitas paróquias ficavam registadas em relatório, com descrição do acontecimento, as indicações de caminhos de ação pastoral, conselhos adequados.

Também está no seu pensamento a reestruturação de muitas comunidades com reduzida população, envelhecida, com o agrupamento das mesmas, sem perca da sua identidade, numa cooperação pastoral conjunta e recíproca. Aqui reside um problema de mentalidades de difícil resolução. Este ano as catequistas de duas paróquias não acordaram para uma delas centralizar esses serviços. O futuro de muitas das nossas comunidades passa por medidas estreitas de cooperação entre paróquias com o apoio dos conselhos pastorais e arciprestais.

Também apostou na formação cristã dos adultos, um melhor conhecimento da Palavra de Deus, da Bíblia, com a organização e criação de grupos bíblicos.

Também apelou para que todos os diocesanos, além de recordarem os cinquenta anos do Concilio Vaticano II, olhassem e refletissem sobre o modelo de Igreja, como levar a evangelização e a catequese.

Segundo a opinião de uma Catequista, referindo-se a D. Manuel Felício, “ trata-se de uma pessoa aberta, acompanha a evolução da vida, com capacidades físicas e intelectuais invulgares. Tem um estilo de modernidade atento às situações que o rodeiam. Preocupa-se muito com as pessoas, está muito ligado a causas sociais. Quer uma Catequese onde as crianças e os adolescentes sintam um lugar de vivência da Fé, de acolhimento, de alegria e de festa. Tem é falta de colaboradores para colocar em prática as suas mensagens…”

Na minha modesta observação há que rever a ação dos diáconos, há que existir uma organizada cooperação entre os párocos. Aqueles não devem ser “ mestre-de-cerimónias” dos altares. Se um celebrante da eucaristia está com problemas de saúde, o diácono não deve fazer a homilia?

 Os movimentos juvenis, principalmente os agrupamentos escutistas, devem merecer por parte da Diocese uma atenção muito especial e mais próxima. Deve apostar-se e investir na formação das crianças, adolescentes nas nossas Catequeses, dos Movimentos Juvenis e em Cursos de Adultos.

No seu XI Aniversário, o Bispo da Diocese manifestou as grandes preocupações diocesanas: falta de sacerdotes e de vocações, necessidade de procurar novas formas de fazer pastoral, uma melhor conjugação e interligação dos sacerdotes com os diáconos (são dezassete na Diocese) e estes com outros ministérios ordenados, programa de formação de muitos leigos com capacidades para presidir a muitas celebrações dominicais.

Há duas formas de liderar uma instituição, uma é trabalhar para ser reconhecido, outra é não esperar o reconhecimento. D. Manuel Felício, Bispo da Diocese da Guarda, pertence a esta segunda forma.

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Janeiro/2016