Mensagem no encerramento do ano da Fé

 

Aos Fiéis e às comunidades de Fé da Diocese da Guarda

 

O Papa Bento XVI convocou o ano da Fé com a carta apostólica Porta Fidei (11 de Outubro de 2011). Nela nos dizia que a porta da Fé introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na Igreja (cfr. nº1). O ano da Fé foi assim um convite especial feito a todos nós para entrarmos por esta porta, na certeza de que a comunhão com Deus vivida na comunhão da Igreja cumpre  as esperanças mais fundas que atravessam o coração humano.

De facto, a Fé constitui o grande dom de Deus oferecido a cada um de nós através da Pessoa de Seu Filho Jesus Cristo; sendo a relação com Ele determinante para que se cumpra a própria vocação humana enquanto tal. Isto nos diz também o Papa Francisco, na encíclica sobre a Fé, Lumen Fidei (29.06.2013), onde nos recorda a relação do ano da Fé com o cinquentenário do Concílio Vaticano II. Este Concílio foi, de facto, um concílio sobre a Fé, por sublinhar como a nossa vida tem de mostrar sempre o primado de Deus em Cristo (cfr. Lumen Fidei, nº 6).

É este primado de Deus e da relação com Ele na Pessoa de Cristo que tem de estar sempre no centro da nossa vida pessoal e comunitária. Damos agora connosco a viver tempos em que esse primado é esquecido e frequentemente substituído por realida­des passageiras que não podem responder aos anseios mais fundos do coração humano e, por isso, geram desilusão e perda de esperança.

Sendo assim,  a grande preocupação do ano da Fé, que hoje termina – colocar Deus e a Pessoa de Cristo no coração da nossa vida pessoal e comunitária – não a poderemos esquecer neste dia 24 de Novembro. De facto, esta preocupação existe para nós já desde antes de o ano da Fé se iniciar em 11 de Outubro de 2012.

Para trás desta data fica o nosso esforço de levar toda a Diocese a reencontrar-se com o Catecismo da Igreja Católica, em cada uma das suas quatro partes, propondo para nosso estudo uma delas em cada ano (2006-10). A seguir fizemos esforço, durante três anos (2010-13) para levar toda a Diocese a voltar-se mais para o encontro com a Palavra de Deus, cuidando a relação com o Evangelista do respectivo ano litúrgico. Com o anúncio do ano da Fé em 2011 e a sua preocupação de colocar no centro a celebração do cinquentenário do Concílio Vaticano II, a nossa Diocese, através dos seus órgãos de decisão, escolheu viver os próximos quatro anos em esforço para comparar a Igreja que somos com aquela que o mesmo Concílio nos propõe. E é na prossecução deste grande objectivo que todos estamos empenhados. Esperamos ser possível, no final deste período de quatro anos, através de assembleias de representantes de todo o Povo de Deus da nossa Diocese, definir caminhos novos de vivência da Fé numa Igreja renovada segundo o Concílio Vaticano II.

Durante este ano da Fé fizemos por toda a Diocese algumas experiências que nos podem ser úteis para o futuro próximo.

Uma delas foram as assembleias arciprestais em ano da Fé e relacionados com elas os encontros dos cooperadores pastorais de cada conjunto de paróquias confiadas ao mesmo pároco com a presença do Bispo Diocesano. Estes cooperadores, quer pelo seu número quer pelas diferentes áreas da vida das comunidades que representam, são de facto uma esperança para  renovação comunitária em que estamos empenhados. Queremos sobretudo envolvê-los no esforço para fazer o confronto das comunidades paroquiais e inter-paroquiais que somos com o modelo de Igreja que Cristo deseja e o Concílio nos propõe.

Terminamos esta mensagem com uma oração em que pedimos ao Senhor a graça de fazer com que o dinamismo de entusiasmo gerado ao longo deste ano da Fé por toda a Diocese nos ajude a definir caminhos novos de vivência da mesma Fé para nós e nossas comunidades.

 

Guarda e Paço Episcopal, novembro de 2013

+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda