Irmãs a Irmãos

A palavra de Deus que escutamos, em Ano Sacerdotal, lembramos que Ele está no nosso mundo e na nossa história, com o testemunho daqueles que ama, convoca e envia a dar testemunho da sua Salvação.

A primeira leitura, apresenta-nos o exemplo do profeta Amós. Escolhido, chamado e enviado por Deus, o profeta vive para propor às mulheres e aos homens – com verdade e coerência – os projectos e os sonhos de Deus para o mundo. Actuando com total liberdade, o profeta não se deixa manipular pelos poderosos, nem amordaçar pelos seus próprios interesses pessoais.

  1. O Presbítero na pobreza evangélica tem de ter atenção e solicitude para com os mais carentes e necessitados. O Presbítero, amigo dos mais pobres – diz o Directório – reservará para eles especial atenção na caridade pastoral, com uma opção preferencial por todas as velhas e novas formas de pobreza, tragicamente presentes no mundo, recordando sempre que a primeira miséria de que os homens e mulheres devem ser libertos é o pecado.
  2. Há em nós uma certa tendência para prestarmos maior atenção aos poderosos e influentes, talvez por pensarmos que estes têm maiores recursos para as acções que nós realizamos. O amor verdadeiro não é interesseiro. Devemos compreender e acolher Cristo que está presente e actuante nos mais pobres.
  3. Cristo sempre recompensa cada um muito bem. Por vezes mesmo, dá-se a cada de forma surpreendente no silêncio ou no ruído da multidão (aliás como esta que tenho na minha frente).

A segunda leitura garante-nos que Deus tem um projecto de vida plena, verdadeira e total, para cada mulher e para cada homem – um projecto que desde sempre esteve na mente do próprio Deus. Esse projecto, apresentado aos homens através de Jesus Cristo, exige de cada um de nós uma resposta decidida, total e transparente.

  1. O presbítero é chamado a prolongar a presença de Cristo! Ser outro Cristo, o mesmo Cristo, o filho de Deus vivo entre as mulheres e os homens! Será que existe no universo uma dignidade maior? Ao olhar para o meu rosto, para as minhas mãos, para o meu corpo, tenho de sentir a presença de Cristo em mim. O meu porte, as minhas palavras e o meu sorriso têm de ser iguais aos de Cristo no meio dos irmãos.
  2. Não posso tomar qualquer atitude ou dizer qualquer palavra; tenho de tomar a atitude e a palavra que Cristo assumiria se tivesse o meu nome, vivesse na minha casa, se “fosse” Pastor de cinco paróquias. Podemos e devemos estar com os mais pobres, participar num encontro alegre com jovens, acampar no meio de uma serra (em linguagem escuta diz-se dormir com as costas no chão), caminhar por entre montes e vales, ser presença activa na net, ouvindo no msn… mas devemos faze-lo como Cristo o faria em tais circunstâncias: com a dignidade e a simples nobreza de um filho predilecto do nosso Pai, Deus do Universo, Senhor dos senhores, Reis dos reis.
  3. Por vezes quantos de nós não gostamos de ouvir um elogio, uma promoção, um qualquer título, mas não poderíamos esperar de que alguém diga de nós: pelo seu testemunho é como Jesus. Como seria maravilhoso, que com a passagem dos anos, como presbíteros fica-se estampado no nosso rosto a alegria, a compreensão, a firme suavidade do rosto de Cristo.

No Evangelho, Jesus envia os discípulos em missão. Essa missão – que está no prolongamento da própria missão de Jesus – consiste em anunciar o Reino, e em lutar objectivamente, contra tudo aquilo que escraviza a mulher e o homem e que os impede a serem feliz. Antes da partida dos discípulos, Jesus dá-lhes algumas instruções acerca da forma de realizar a missão… Convida-os especialmente à pobreza, à simplicidade, ao despojamento dos bens materiais.

  1. A oração e Eucaristia são os pressupostos da acção evangelizadora. Podemos dizer que, os presbíteros foram “concebidos”, por Jesus durante a noite de oração que procede a escolha dos doze Apóstolos, dos quais nós Presbíteros somos seus sucessores. Daqui advêm que o presbíteromanterá vivo o seu ministério, mediante uma vida espiritual à qual dará a absoluta preeminência e profunda sintonia com Cristo Bom Pastor.

Foi na oração, que os apóstolos encontraram, toda a força expansiva de uma acção. A oração é como que uma mola comprimida, cujo impulso chega aos nossos dias e está patente nos vossos rostos.

Queremos uma eficaz acção pastoral? Entremos no diariamente em clima de Cenáculo; recolhamo-nos em oração, pois é o Senhor quem nos diz: “sem mim nada podeis fazer” e é São Paulo que nos lembra “tudo posso naquele que me conforta”.

  1. Para Jesus, que envia os discípulos dois a dois, torna-se evidente que a evangelização de vanguarda é em profundidade. Temos de nos empenhar seriamente na formação profunda dos leigos. É certo que existe uma tentativa cada vez mais acentuada de formar “agentes de pastoral”. Isto é relevante. Mas não se trata apenas disto. Temos de formar leigos que sejam católicos actuantes no seu próprio meio: na família, na sua profissão, nas organizações culturais, empresariais, estudantis, politicas… O leigo tem de ser cidadão preparado, actuante, capacitado, coerente que dê testemunho da Fé onde se encontra.
  2. Maria, Estrela da Nova Evangelização, intercederá por nós, para que o testemunho belo do rosto dos Cristãos, orientados pelo Bom Pastor, permita dizer sempre e a todos “Alegrai-vos sempre no Senhor”.