Nota Episcopal: nove anos de ministério

Cumpro hoje, dia 16 de Janeiro, nove anos de ministério episcopal ao serviço da Diocese da Guarda. Em 21 de Dezembro de 2004, o então Papa João Paulo II, que tem canonização marcada para o próximo dia 27 de Abril, nomeou-me Bispo Coadjutor da Diocese da Guarda, no impedimento do Sr. D. António dos Santos, por falta de saúde.

Entrei ao serviço da nossa Diocese a 16 de Janeiro seguinte, entre manifestações de regozijo que senti expressarem muita esperança. É esta esperança que me tenho esforçado por não defraudar, dentro das minhas muitas limitações.

Agora, faço, diante da Diocese, o meu balanço pessoal, sobretudo daquilo que realizámos e não realizámos ao longo do ano que hoje termina. Foi um ano essencialmente marcado pela proposta do Ano da Fé, que nos fez o Papa Bento XVI. Iniciado em 11 de Outubro de 2012, data do cinquentenário do início do Concílio Vaticano, o Ano da Fé encerrou- se no último domingo do ano litúrgico passado. Na carta com que convocou este ano da Fé, Porta Fidei, o Papa a todos nos convidou para renovarmos a nossa Fé pessoal e comunitária, à luz do Concílio Vaticano II, cujo cinquentenário estamos a celebrar até 2015 e também do Catecismo da Igreja Católica, 20 anos depois da sua publicação.

Quisemos levar este apelo do Papa a todos os fiéis e a todas as comunidades paroquiais da nossa Diocese. Para isso calendarizámos e cumprimos as jornadas arciprestais em ano da Fé e, dentro delas, celebrações e encontros em cada conjunto de paróquias confiadas ao mesmo Pároco.

As expressões mais visíveis desta jornadas arciprestais foram as concentrações realizadas em cada arciprestado, com celebração da Eucaristia para todas as comunidades paroquiais do mesmo arciprestado. Mas considero não menos importantes os encontros realizados em cada conjunto de paróquias com os seus colaboradores pastorais sob presidência do Pároco respectivo. Sobretudo o diálogo estabelecido com estes colaboradores pastorais foi muito positivo, pela forma como se foram abrindo portas para novas formas de organização dos serviços pastorais paroquiais.

A todos estes conjuntos de colaboradores pastorais procurei deixar a mensagem de que deles, em grande medida, depende que se possa fazer a renovação da Igreja desejada por Jesus Cristo e vivamente recomendada pelo Concílio Vaticano II. De facto, este Concílio, se bem que realizado há 50 anos, segundo palavras do Papa Bento XVI, em muitas das suas propostas tem mais actualidade hoje do que há 50 anos, quando se realizou.

 Tive oportunidade de sublinhar para cada um destes conjuntos de colaboradores pastorais que a sua boa relação com o Pároco é fundamental para darmos consistência ao futuro das nossas paróquias e também que o tempo que o mesmo Pároco lhes dedicar é a melhor garantia dos bons resultados pastorais.

Há uma outra dimensão da nossa vida de Fé que estas jornadas arciprestais quiseram sublinhar e refiro-me à espiritualidade e à vida de oração. Para isso foi incluído no programa destas jornadas arciprestais um retiro aberto a todo o arciprestado. E podemos dizer que esta foi uma boa experiência, que temos de continuar a desenvolver. Com ela, nós quisemos retomar uma nossa tradição muito boa, ligada sobretudo à figura do Sr. D. João de Oliveira Matos, que é a tradição dos retiros espalhados pela Diocese.

Preocupámo-nos, ao longo deste ano, em definir o melhor possível, as linhas do plano pastoral que procuraremos cumprir ao longo dos próximos quatro anos. A ideia condutora é deixarmos que as orientações do Concílio Vaticano II sejam mais assumidas por todos nós baptizados e pelas nossas comunidades.

 E a terminar este percurso de quatro anos queremos que, em assembleia o mais representativa possível de todo o Povo de Deus da nossa Diocese – o que também foi pedido pela assembleia geral do Clero – possamos definir as grandes linhas da nossa acção pastoral para os anos seguintes. Pensamos que esta será uma boa forma de celebrarmos o cinquentenário do Concílio Vaticano II.

E agora pretendo dar, com toda a nossa Diocese, abundantes graças a Deus pelos dois novos sacerdotes que o Senhor nos concedeu e que se ordenaram, ao longo deste ano. Neste precioso dom, vejo também o apelo do mesmo Deus para assumirmos mais e melhor as nossas responsabilidades quanto à promoção de novas vocações sacerdotais. De facto, precisamos de fortalecer o nosso Pré-Seminário, a partir daquele empenho que é pedido principalmente a todos nós sacerdotes para sabermos contactar os candidatos julgados mais idóneos e os inscrevermos no Pré-Seminário. Precisamos de acolher em seminário aqueles que, já com alguma maturidade, tomaram a decisão de se comprometer numa preparação mais próxima e intensa para poderem vir a frequentar o Seminário Maior. E precisamos de fortalecer o nosso Seminário Maior. Tudo isto exige muito sobretudo de nós sacerdotes.

Com toda a Diocese dou abundantes graças a Deus pelo reconhecimento das virtudes heróicas do Servo de Deus D. João de Oliveira Matos, agora declarado venerável. Na minha oração, peço ao Senhor para que ele seja o grande modelo de pastor que todos nós sacerdotes havemos de procurar pôr em prática na nossa acção pastoral.

E a minha oração neste momento é também para que, no ano que está à nossa frente, todos nos fortaleçamos mais na caridade que vem do coração de Cristo e para que nós sacerdotes, na luz e na força que nos vêm do Espírito Santo, saibamos viver toda a nossa vida na caridade pastoral, ao serviço daqueles que nos estão confiados.

Guarda e Paço Episcopal, 16 de Janeiro de 2014 +Manuel R. Felício, Bispo da Guarda