A mobilidade das pessoas é factor de crescente importância na vida social. E a mobilidade por razões turísticas ganha cada vez maior dimensão, com peso a aumentar de dia para dia na vida das comunidades e das nações.

Por sua vez, o turismo religioso está a conquistar estatuto muito próprio no conjunto das motivações que levam as pessoas a deslocar-se.

É facto que a diversidade e a riqueza do património religioso, tanto material como imaterial, são de importância evidente no panorama nacional, como marca da nossa identidade portuguesa, mas também das nossas terras, nomeadamente as espalhadas por esta Diocese da Guarda. As pessoas procuram a arte, mas também desejam conhecer a mensagem do nosso riquíssimo património religioso.

A nós pertence-nos acolhê-las e disponibilizar-lhes, da melhor forma, o importante património de que dispomos. E quando o património é encontrado no exercício das suas funções, integrado nas celebrações ou outras vivências da Fé, então a sua importância cresce.

Cada vez mais as pessoas se deslocam para descobrir a riqueza das peças de arte que a vivência da Fé produziu e continua a produzir, mas também para participar em actos dessa mesma vivência da Fé a que elas se reportam.

Lembramos, a título de exemplo, a quantidade de pessoas que recentemente se deslocaram para participar em celebrações da semana santa, principalmente as que ganharam mais notoriedade e têm sido mais divulgadas.

Mas também sabemos de festas e romarias em localidades que se transfiguram, em determinados dias do ano, com o número de pessoas atraídas e vindas das mais variadas procedências. Por sua vez, os santuários e outros centros de peregrinação ganham cada vez mais importância pela forma como são procurados pelas pessoas, que neles encontram a ajuda necessária para a vivência renovada da sua Fé.

Sentimos que esta é uma responsabilidade acrescida para nós Igreja, obrigando-nos a disponibilizar, com a máxima qualidade, o nosso património aos turistas que nos visitam; mas também a acolher bem quem nos procura para tomar parte nos eventos celebrativos da Fé, como sejam as festas ou simplesmente pela atracção que sobre elas exercem determinados lugares de culto onde elas esperam reencontrar ou redefinir os seus percursos de Fé.

O trabalho que temos em curso para a inventariação de todo o património de arte cristã espalhado pela nossa Diocese insere-se já nas preocupações gerais de colaborarmos com o turismo religioso, no exercício do que chamamos pastoral do turismo.

Para isso temos em agenda três objectivos:

Fazer a inventariação do nosso património de arte cristã espalhado por toda a nossa diocese; os trabalhos decorrem em bom ritmo.

Fazer a apresentação com qualidade deste valioso património; estudamos já formas articuladas com o museu de arte sacra da Diocese.

Definir roteiros de turismo religioso no universo da nossa Diocese e facilitar ao máximo a acessibilidade aos mesmos, quer divulgando-os, quer preparando pessoas que sejam capazes de fazer falar este valioso património, que, de facto, está a interessar cada vez mais visitantes.

Estes também são caminhos da nova evangelização.

+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda

Som :  O turismo religioso e os caminhos da nova Evangelização