PEREGRINAÇÃO À CASA-MÃE DA IRMÃ DOS POBRES

Há interessantes e importantes coincidências. No primeiro domingo de Setembro decorreu em Roma a canonização de Madre Tereza de Calcutá, nascida na Macedónia, que todos conhecem a sua ação humanitária, a que lhe foi atribuída diversas expressões, espelho de Deus, é um exemplo de Amor, distribuiu generosamente a Misericórdia divina, missionária das periferias humanas e tantas outras.

Á mesma hora, meia centena de cidadãos e cidadãs de Aldeia de Joanes, Três Povos, Aldeia Nova do Cabo, Fundão e Donas, deslocavam-se à Casa Mãe das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, em Linda-a-Pastora – Queijas, cuja Congregação fora fundada pela Irmã Maria Clara do Menino Jesus, que dedicou totalmente a vida religiosa ao serviço dos pobres.

A Congregação publica um boletim trimestral da Causa de canonização, com o título – A Irmã dos Pobres -, que apresenta as muitas virtudes desta religiosa, o testemunho das graças de Deus através desta Beata e diversas notícias de cariz religioso.

No auditório decorreu a exibição de um pequeno filme – Facho de Luz – que conta a história de uma jovem nascida num berço de ouro, no Palácio da Quinta dos Bosques na Amadora em 1843. Em Benfica é batizada na Igreja de Nossa Senhora do Amparo.

Órfã, entra no Internato do Palácio da Ajuda, onde recebe uma formação integral das educadoras, as Filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo, mestras francesas que são expulsas do país, por exigências da maçonaria. Será, também, em terras francesas que, mais tarde, prolongará a sua formação para a Vida religiosa, porque em Portugal era proibido professar.

Em 3 de Maio de 1871, fundou a dita Congregação que, atualmente está espalhada por quinze países, como o comprovam as bandeiras içadas naquele auditório.

Seguiu-se um debate onde intervieram alguns intervenientes, ficando a saber, através da Irma Maria Lucília, que já no seculo XIX havia Teresas de Calcutá, devido a ações semelhantes das Irmãs franciscanas hospitaleiras. Toda a prática das Obras de Misericórdia na vida da Fundadora poderia merecer-lhe o lema: “ onde houver bem a fazer que se faça”, mais tarde, e a seu exemplo, adotado pela Congregação.

Também foi esclarecido que o nome da Congregação com o epiteto de Franciscanas deve-se à influência do Padre Raimundo dos Anjos Beirão, ele também franciscanos, bem como à formação oferecida pelas Irmãs Franciscanas Hospitaleiras e Mestras de Calais, onde a Irmã Maria Clara fez a sua preparação para os votos. Os dois Fundadores adaptaram os ensinamentos de S. Francisco de Assis, seguindo o franciscanismo e a sua espiritualidade.

Seguiu-se uma visita à cripta da Capela onde se encontram os restos mortais da Irmã dos Pobres – Beata Maria Clara do Menino de Jesus – e do Padre Raimundo dos Anjos.

Ouviu-se alguns dos peregrinos/visitantes começando por,

Ana Dias – Fundão, salienta que é a primeira vez que ali se desloca. “Começo por salientar que o edifício – a Casa Mãe desta Congregação – tem uma estrutura muito interessante, principalmente a cúpula da Capela, que nos apresenta uma tenda. A Fundadora foi uma pessoa que lutou muito para o bem dos pobres e dos desfavorecidos. É esta imagem que me ficou na memória.”

Manuela Salgueiro de Aldeia de Joanes, “esta visita foi muito educativa e informativa, porque fiquei a conhecer pessoalmente pessoas ao serviço dos outros, principalmente dos que mais precisam.”

Dália Marques de Aldeia de Joanes, “estou aqui pela primeira vez e gostei muito, principalmente das explicações sobre esta Congregação e a sua Fundadora.”

Maria Fernanda Querido das Donas, “ é a terceira vez que aqui estou, em peregrinação, numa homenagem de saudade. Trabalhei com estas Irmãs no Fundão, onde desde há cerca de cem anos desenvolveram uma ação social e humanitária no Hospital e no chamado Lar Velho. O seu trabalho no Fundão foi muito importante. Estavam vinte e quatro horas ao serviço, numa doação total. Nunca sabemos as razões porque estas Irmãs saíram do Fundão.”

A este propósito e segundo informação, a Congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição, iniciaram aa suas atividades no Fundão no Hospital da Misericórdia em Julho de 1899, ainda em vida da Fundador, Irmã Maria Clara do menino Jesus e saíram em 15 de Julho de 1997. Em Março de 1927 iniciaram o trabalho no Albergue ou Asilo dos Inválidos do Trabalho, (atualmente funciona um Lar da Santa Casa da Misericórdia do Fundão), de onde partiram em Setembro de 2010. Finalmente em 1946 tomaram conta do Centro Social (Lactário, Creche, Patronato), até ao ano de 1973. Estas Irmãs mereciam num local de destaque, Monumento na Cidade do Fundão.

Numa época conturbada da História de Portugal, sob o ponto de vista politico, social e essencialmente religioso, “ em que o diabo andava à solta”, uma mulher da nobreza, escolheu uma vida de missão e dedicação ao serviço dos pobres, fundou a Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, que atualmente desenvolvem em muitos territórios ações missionárias.

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Setembro/2016

Pato De Banheira

Pato De Banheira