Vai na segunda semana o Campeonato da Primeira e Segunda Divisão, que de há uns anos para cá foi baptizado com nomes de empresas comerciais, bancos, seguros e outras negociatas.

São delirantes as acções, as frases pronunciadas, os comentários que diariamente nos caem do televisor ou quando sujamos os dedos nos jornais desportivos, intoxicados de informação futebolística.

Num estádio de futebol, os sócios do clube da terra exibem euros em notas na direção do camarote. Quem estará lá? Alguém da Congregação da Madre Teresa de Calcutá, que ali visitou de helicóptero a sua Casa de Religiosas? O Presidente da Cáritas Portuguesa, aficionado do clube proprietário do estádio? As herdeiras de Madre Teresa e o Presidenta da Cáritas bem necessitam de ajuda, mas as notas não vão na sua direcção. É a companheira do presidente forasteiro a agraciada.

Um treinador ganha um jogo com muitas dúvidas à mistura, e na conferência de imprensa diz que é banal o treinador vencido queixar-se da arbitragem.

A resposta deste não se faz esperar, atirando que banal é a equipa vencedora ganhar sempre com penaltys duvidosos: “é muito bonito falar de barriga cheia, tendo ao lado quem passa fome ”.

Ouvimos que seria necessário recuar ao ano 2007 para ver tão pouca assistência nos estádios na primeira jornada. Sinais da crise…

Aparece num jornal uma frase curiosa: “Deus var jogar ao campo de Jesus.” Especula-se que o Pai vai deixar ganhar o Filho…

Ouve-se e estranha-se que as equipas com mais dívidas e dificuldades são as que compram mais jogadores. Vivem a crédito e qualquer dia estão a pedir insolvência…

Um árbitro internacional não pode ser visto nem pintado pelos sócios de uma equipa. Um deles, num centro comercial, partiu-lhe o queixo e foi convidado para dar uma palestra sobre as leis do jogo. Acho que devia ser convidado para Ministro da Educação quando rolar mais uma cabeça no Governo…

Em Londres, um treinador português roubou um jogador a um outro treinador português. Será possível que as autoridades britânicas não descubram o jogador furtado? Não haverá vestígios no Algarve?

O presidente da SAD de um clube diz: “quando perdemos um jogo, não quero ver os dentes a ninguém”. Um dentista com veleidades desportivas não é fiável…

Apesar das doses futebolísticas diárias, os pirómanos continuam a deitar fogo à FLORESTA PORTUGUESA. Já causaram mortes, sofrimentos e custos ambientais desmedidos. Uma claque autodenominou-se “pirómanos da bola”. Vão incendiar a redondinha ou o estádio do Dragão?

Um jovem treinador afirma ter armas para ganhar à equipa adversária. Esperemos que não sejam armas químicas… ou de destruição maciça, uns bacamartes usados devem chegar.

As brumas tenebrosas e mercenárias também abundam. Um jornal desportivo relata que um clube “venceu a primeira batalha”. Vamos ter guerra até ao fim do campeonato, esperemos que reste alguma pólvora seca, como na guerra do saudoso Raúl Solnado.

Um dirigente é categórico: “temos um problema de falta de confiança, seria terrível fechar o ciclo de Jesus”. O Papa não perdoaria esse fecho…

Muitos o queriam na cruz, sempre cruxificado, mas Deus ajudou-o, ressuscitou-o nos últimos minutos, segundos finais, e Jesus agradeceu abraçando e beijando os irmãos discípulos.

Vem aí mais um dérbi lisboeta, (vai ser divertido e delirante), os do norte dizem tratar-se de um jogo dos mouros, mas sempre à espera do resultado final. Vão intoxicar-nos com mesas redondas, debates, analises ao milímetro, enfim todas televisões, jornais e rádios vão comentar todos os pormenores.

Num jogo de prova europeia, em que a equipa portuguesa é eliminada, a televisão, apresenta uma senhora no meio do filho menor e do marido com um cachecol com a simbologia do clube e com a seguinte legenda em letras garrafais “ Amo-o (o dito cujo clube) sem ti não sei viver”. O que pensará o pobre do marido?

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Agosto/2013