ESCUTISMO – RESCALDO DO 10º ACAMPAMENTO NACIONAL DA FRATERNIDADE

Finalmente, depois de tantas incertezas, que duraram três anos, motivadas pela Cov.19, já em parte ultrapassada, concretizou-se o sonho de se realizar o 10º Acampamento Nacional no Campo Escutista da Gardunha – Fundão, que decorreu de 7 a 11 de Junho.

O Acampamento Nacional teve o auspicioso tema “DA GARDUNHA À ESTRELA BUSCA A NASCENTE,” que remete para a importância da água, da protecção dos recursos hídricos, da vida, da nossa sobrevivência. É o principal elemento da natureza, do nosso organismo, um problema da actualidade que merece reflexão e análise.

Outros objectivos que se pretenderam alcançar nesta grande concentração escutista, com uma organização exemplar, foram a FESTA, o CONVÍVIO, a PARTILHA e o SERVIÇO, que contaram com o esforço, a dedicação, o trabalho de muitos voluntários do Corpo Nacional dos Escutas, da Fraternidade e com apoio municipal. Foi, de resto, salientado por diversos intervenientes o grande apoio prestado pelos Municípios do Fundão, Guarda e Covilhã. 

Apesar da chuva que nos visitou nos dois primeiros dias com alguma intensidade – não fosse o grande tema a ÁGUA -, as quase quinhentas inscrições de norte a sul do País não se desmobilizaram, para que todas as tarefas fossem executadas com verdadeiro saber escutista.

A abertura do Acampamento contou com a presença de várias entidades civis, agrupamentos de escuteiros, e nem se deu pela falta daqueles que já não vivem o escutismo, na voz do povo seria mal-empregada cera para tão ruins defuntos. 

Partilhamos com os fraternos esta celebração e fomos recolher as suas opiniões, começando pelo Chefe Nacional – Domingos Leal do Paço: “o X Acampamento Nacional foi um sonho que tiveram as equipas do Nacional e Regional da Guarda. É também uma dedicação assumida às comemorações do Centenário do CNE, no sentido de caminharmos juntos para o próximo. Os Acampamentos têm sempre algo de diferente, conhecimentos das realidades locais, consciência das boas práticas, preocupações ambientais, de partilha, de divertimento, de espírito de companheirismo. Também recordar a capacidade de sobrevivência, de adaptações rápidas a determinadas situações imprevisíveis e sentido de responsabilidade.”

António Henriques Lopes Alves – Núcleo do Algueirão – Sintra: “a realização deste Acampamento merece as seguintes considerações. A primeira é que a FNA está a impor-se com a inscrição de mais de quatrocentos fraternos, uma participação massiva de Norte na Sul, a maior de sempre. A segunda é que na entrada do Acampamento está uma tabuleta que classifica este local como “Campo Escutista de Excelência.” É bem verdade que é de Excelência, por um bom nivelamento, arborizado e com infraestruturas muito razoáveis.

A terceira é que S. Pedro nos trouxe a chuva e preparou esta partida, mas ninguém arredou pé, abandonou o acampamento e regressou a casa. A quarta é o Plano de Actividades: muito equilibrado, elaborado, oportuno, dentro do espírito escutista da FNA, na progressão dos nossos conhecimentos, independentemente da idade, no meu caso de 79 anos. A este propósito, há filósofos que afirmam que quanto mais sei, mais sei que pouco sei.”

Ana Júlia Castro, Núcleo 14 de Delães – Famalicão: “fiz um longo percurso escutista e tenho a afirmar que este Acampamento foi muito bem organizado, interessante e com boas condições.”

Paulo Costa, Núcleo de Nossa Senhora da Luz – Lagoa – Algarve, que iniciou o Escutismo Marítimo em Nova Oeiras, no Agrupamento 797:” Vínhamos da pandemia, em que estivemos privados das nossas actividades escutistas, com grandes prejuízos para os Núcleos, saída de elementos, cancelamento de eventos, precaridades…. Finda essa fase cinzenta, regressar a este Acampamento é uma grande vitória da FNA, com um grande número de aderentes. Não devemos esquecer que há dias tivemos a participação no Centenário do CNE e agora o nosso Acampamento Nacional. Lanço o desafio à Direcção Nacional da Fraternidade para que o próximo Acampamento se realize nos Açores.” Não vai para os Açores, mas sim para o Porto.

Silvia Bruno Ferreira, Núcleo do Senhor do Bonfim – Setúbal: “estive alguns anos no CNE, afastei-me, mas há tempos regressei à Fraternidade, e estou a reviver experiências de que gosto muito como Escuteira no Agrupamento 484 da Anunciada, em Setúbal. Este Acampamento surpreende pela boa organização, boas condições, grupos muito interligados que vivem a fraternidade.”

Adolfo Daniel Salvado Cunha, do Núcleo de Nossa Senhora da Ajuda – Moreira de Cónegos: “está a ser muito interessante e deu-me a oportunidade de conhecer em pormenor as cidades do Fundão, Covilhã e Guarda, que me enriqueceram muito nos aspectos culturais. Verifiquei que as pessoas destas localidades são muito simpáticas, gentes que gostam do convívio. 

Rosa Maria, do Núcleo da Anadia – Aveiro: “foi muito positivo e fiquei embaixadora do Fundão pela cultura e acolhimento por parte destas gentes.”

Muitas e diversificadas foram as acções culturais e sociais levadas a efeito, com grupos previamente inscritos, destacando as principiais, as que marcaram todos os participantes:

A abertura do Acampamento, visitas históricas, patrimoniais ambientais na Guarda, passeio pelos Passadiços junto ao Rio Mondego, visita ao Museu de Arte Sacra, Sé, e um percurso pedonal pela Judiaria, animado pelo Grupo de Teatro “Heroditas”. Uma visita à Serra da Estrela. 

Visitas à aldeia histórica de Castelo Novo, a Alpedrinha, e às Donas, onde visitaram o Museu de Memórias de António Guterres, a Alcongosta – Casa da Cereja e um passeio pedonal pelas ruas mais antigas do Fundão, contando-se em todos estes percursos com a sapiente explicação do animador cultural Pedro Silveira, que mereceu a unanimidade dos aplausos.

O desfile de todos os Núcleos por algumas ruas do Fundão, abrilhantado pela Fanfarra do Núcleo de Urgezes – Guimarães e músicos de Braga, na ida e regresso do Parque Verde, onde decorreu a Eucaristia.

Nas intervenções de abertura e encerramento do Acampamento, além das menções honrosas a muitos fraternos que deram a sua prestigiosa colaboração, por decisão da Direcção Nacional, publicada na Ordem de Serviço nº 52 de 30 de Maio do corrente ano, foram atribuídos Diplomas de Medalhas de Amizade aos Municípios do Fundão, Covilhã e Guarda, pela importante colaboração à Fraternidade, destacando-se o apoio ímpar da Câmara Fundanense. 

No Encerramento do Acampamento, foi revelado que no ano de 2026 será no Porto que se irá realizar o XI Acampamento Nacional da Fraternidade Nuno Álvares.

Como o grande tema do X Acampamento Nacional da Fraternidade foi a ÁGUA, vem-me à memória um poema de Eugénio de Andrade, cujo centenário do nascimento também festejamos: “Escrevo para subir às fontes. E voltar a nascer.”

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Junho/2023