108º ANIVERSÁRIO DO VITÓRIA DE SETÚBAL
Nasceu em Setúbal, em Novembro de 1910, o Bonfim Foot-Ball Club, com o objectivo de praticar a modalidade importada de Inglaterra.
Joaquim Venâncio, Henrique Santos e Manuel Gregório, antes de abandonarem aquela instituição desportiva, deixaram a ideia de um “Sport Vitória”. Talvez por Joaquim Venâncio amiúde gritar entusiasmado: “A Vitória será nossa!”
Estes três dirigentes conseguiram agregar outros pequenos clubes setubalenses. Com esforço e dinamismo, constituíram a 20 de Novembro de 1910 – por sugestão de Joaquim Correia Costa, na primeira Assembleia Geral – o Vitória Futebol Clube, o Vitória de Setúbal como o povo o apelida.
Durante muitos anos o seu palco desportivo foi no Campo dos Arcos, hoje repleto de imóveis, da História apenas se salvaram as condutas de água que abasteciam a cidade de Setúbal. Ali se realizou o primeiro jogo a 15 de Setembro de 1913, data de alto significado para os setubalenses, recordando o nascimento do grande Bocage.
Com o crescimento do Vitória de Setúbal, surgiu na direcção do clube a preocupação de se criarem novas infraestruturas desportivas, um estádio com maior capacidade e em modernas instalações.
O dirigente Mário Ledo foi um dos grandes obreiros do actual Estádio do Bonfim, uma das salas de visita da cidade de Setúbal, diante do seu inconfundível Parque.
O Povo Setubalense aderiu à ideia e todos colaboraram com peditórios realizados nas ruas de Setúbal, fornecimento de materiais e mão-de-obra. Assim nasceu um Estádio sem ajudas do Estado, unicamente pelo esforço colectivo das gentes sadinas, dos pescadores aos operários.
Em 16 de Setembro de 1962 tive o privilégio de assistir à inauguração, com pompa e circunstância, do Estádio do Bonfim num evento que agregou todo um Povo.
Importantes figuras políticas e sociais da Nação não deixaram de estar presentes: o Presidente da República Almirante Américo Tomás, o Ministro das Obras Públicas, o Ministro da Educação Nacional, o Governador Civil… Eram os craques do regime… Pelas pistas de atletismo, desfilavam os verdadeiros praticantes e amantes das diversas actividades desportivas: futebol, tiro, voleibol, atletismo, xadrez, andebol, basquetebol, ténis de mesa, râguebi…
O jogo inaugural foi com a Associação Académica, no qual o Vitória de Setúbal perdeu por uma bola a zero. Os estudantes, apesar de dados a festas, não colaboraram nesta celebração.
O Festival da Inauguração deu um lucro de duzentos contos, um bom pecúlio para o Vitória de Setúbal se lançar.
Durante mais de um século de existência, o Vitória de Setúbal tem no seu palmarés inúmeros troféus, 3 Taças de Portugal, 1 Taça da Liga, várias presenças em finais e importantes vitórias a nível internacional. É das equipas com maior número de jogos na primeira divisão, tendo chegado a conquistar o 2º lugar. Muitos mais sucessos teria, se tivesse havido imparcialidade em muitas arbitragens ou gozasse de maior presença nas lutas de bastidores.
Em 1970 foi inaugurada a iluminação artificial, mais uma vez graças ao querer dos vitorianos, num contrato adjudicado à Philips em Eindhoven na Holanda, com a tecnologia mais avançada do país – noventa e seis projectores.
Há cinquenta e dois anos, nasceu a primeira marcha do Vitória de Setúbal da autoria de Feliciano da Silva com música executada pelo Conjunto “Terno de Ouro” e composta por um carteiro, um sapateiro e um bombeiro de Pinhal Novo. Era inspirada na final da Taça de Portugal com o Sporting de Braga: “Em Setúbal nasceu um Clube pequenino/Mas ficou na Memória…E com os anos cresceu…Com o nome de VITÓRIA.”
Já dirigiram o Vitória de Setúbal, melhor ou pior, quarenta dirigentes e o clube ainda agrega pessoas da Região Setubalense, sendo um digno representante dos valores desportivos, culturais e sociais da Península de Setúbal e do País.
Hoje quem vestir a camisola verde branca com riscais verticais, carrega no corpo a HISTÓRIA de um Clube e de uma Cidade que tem de honrar e dignificar.
VIVA O VITÓRIA DE SETÚBAL!
António Alves Fernandes
Aldeia de Joanes
Novembro/2018