Deus avisou-nos: ‘Não podeis comer dele nem tocar-lhe, senão morrereis. (cf. Gen 2,7-9; 3,1-7)
Somos fruto da arte e da carícia das mãos de Deus
que faz de nós ser vivos, com um beijo de amor eterno.
Tudo está ao nosso alcance, neste jardim perfumado de liberdade,
mas Deus avisa-nos que nem tudo nos convém.
O sopro de vida divina, em nós, pode sufocar-se,
se cortarmos com o alimento da luz da Sua Palavra de aviso.
Se começarmos a dar crédito a outras vozes de divinização
e a querer experimentar todos os elixires da sorte e da felicidade,
poderemos ficar nus e envergonhados,
pois, sem o sopro eterno, somos lâmpada condenada a apagar-se!
A maior tentação moderna é o desejo de tudo experimentar:
o jovem quer experimentar a ilusão da droga e da orgia,
o adulto quer experimentar a glória do poder e da fama,
o idoso quer experimentar o elixir da juventude…
E o “só para experimentar” acaba por servir de isca
para prender a pessoa na ratoeira do vício e da mentira,
da chantagem e da corrupção, da autodestruição e da morte.
O Diabo até cita a Palavra de Deus, não para a seguir,
mas para justificar os desejos egoístas do poder fácil e rápido
que busca o trono do reino deste mundo.
Senhor Jesus, Adão reencontrado na obediência ao Pai,
cura-nos das cegueiras do mal vestido de fada generosa
e das vozes que nos enganam com o sucesso fácil e idolátrico.
Fortalece em nós o “homem novo”, renascido no Batismo,
reveste-nos da dignidade de filhos, sábios no serviço do bem,
e alarga o nosso coração à experiência da fraternidade gratuita.
Pai nosso, não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Pe. José Augusto Leitão