Testemunhas da guerra
Há imagens que chocam o Mundo, por estes dias chocou a imagem do menino sírio, Omran Daqneesh, após uma explosão em Aleppo, assim como já tinha chocado a imagem de Aylan Kurdi, quando apareceu sem vida numa praia de Bodrum, na Turquia.
E é quando somos confrontados com estas imagens que despertamos para a guerra, para a Síria, para as atrocidades praticadas. Enquanto não existe um rosto, infelizmente a maioria de nós não sente, não sentimos não porque somos insensíveis mas porque nos sentimos distantes, e é sem ser por mal, mas pela proximidade física, que um ataque em França nos choca tanto, não são só as mortes, a crueldade dos actos, é o sentirmos que somos atacados na nossa liberdade porque está aqui quase ao nosso lado.
Participei recentemente nas Jornadas Mundiais da Juventude em Cracóvia, e aproveito agora para fazer a ponte entre a imagem do menino sírio e aquele que foi o testemunho que mais me marcou naquela semana, aquele que fez as minhas lágrimas rolarem enquanto o ouvia. (podem lê-lo na íntegra aqui).
Não conheço Rand Mittri, nunca tinha ouvido falar de tal pessoa, mas admiro a coragem, a perseverança, e a determinação emocionada com que partilhou com os jovens do Papa a situação do seu país, a Síria. No seu testemunho Rand fez-nos ficar próximos desta guerra, contou as histórias por detrás de vidas que se perderam, acima de tudo vidas inocentes, de pessoas que eram a família de alguém, o amigo de alguém, e isso emocionou, porque pela primeira vez pensei “E se essas pessoas fossem as minhas pessoas?!”.
Será que temos o poder de mudar o rumo da história, não sei, direi que eu dificilmente, mas em vez de assobiar para o lado e fazer de conta que nada se passa, que pelo menos eu me torne consciente de que há muitas crianças que nesta guerra não nascem meninos, já nascem Homens!
Maria João Farto