Escrever foi a solução.
Eu dei uma volta pela minha mente, uma análise interior, e foi incrível as coisas que eu encontrei. Família antiga, como avô, tios, tias, primos, mãe e pai, pessoas que me amavam e se foram anos atrás.
Era incrível o que a mente nos dava «realidade» através da caneta.
E todos os conselhos e princípios de educação voltam e me fortalecem.
Graças a Deus, hoje sou uma pessoa diferente. E descubro que a importância de coisas materiais, como o carro, o telefone ou até o computador, não é nada em nossa vida.
A melhor ideia foi, de facto, compartilhar a minha experiência, de mais de trinta anos, com pessoas que realmente precisam aprender e resolver problemas difíceis para obter uma vida melhor, conforme estabelecido pela ONU, nos 17 ODS, como exemplo.
A escrita me ajuda a limpar o desperdício nas memórias, a arrumar as várias coisas, como um guarda-roupa, e a estudar o meu comportamento diante de situações estranhas que, ainda hoje, estou esperando entender, principalmente os motivos.
O processo de cura é muito aleatório. Primeiro, não controlamos os factores de influência. A mente é como o vento: velocidade, direção e nível de pressão. A depressão é um nível sintomático de baixa pressão. E a mente flui com idéias, lembranças e, depois do sorriso, em um segundo, começamos a chorar ou com raiva.
Tudo depende de nossos pensamentos. Então, descubro que a escrita me traz esperança através do sonho, acreditando em dias melhores. E, engraçado ou não, com a ajuda de meus ancestrais.
O outro plano estava na leitura. Estando fechado em casa, o tempo se tornou relativo. A agenda estava quase limpa. A leitura me ajuda a encontrar situações piores que as minhas. Pior, de facto. Os seres humanos têm comportamentos sem racionalidade. Todo mundo parece esquecer que são mortais. Imortais apenas em filmes.
Então, se eu não entendo esses comportamentos, as lembranças trazem fortes dores de situações impróprias, motivadas por motivos externos. E se não existe um ambiente lógico, isso ajuda a uma disfunção biológica que às vezes leva o paciente ao suicídio.
Depois de mais de um ano, finalmente descubro que o caminho foi pensado por Jesus Cristo: perdoar! Não é importante se a outra parte reconhece o erro, ou erros, ou mesmo mal-entendidos. Perdoar é colocar um fim no assunto sem ressentimentos.
Não é fácil. Como todo problema mental. Mas com mais de vinte ou trinta anos de vida, é bom trazer essa cruz, resolvida, fechada, em meus pensamentos, sem raiva e rebelião. É melhor viver o melhor caminho para a felicidade, ainda temos tempo para aproveitá-la. E com a companhia de uma caneta, ou um lápis, é uma boa terapia, de facto.
Luanda, 15 de Agosto de 2020
António José Alçada