E quem é o meu próximo? (cf. Lc 10,25-37)
Deus encheu-se de compaixão e fez-se próximo das criaturas, propôs-lhe uma aliança, ensinou-os a caminhar, curou-lhe as feridas, deu-lhes o alimento são.
Viver no reino de Deus é orientar-se pela compaixão e evitar a indiferença e o egoísmo, que nos cega e distancia, como se fossemos ilhas sob a penumbra do esquecimento.
Jesus é a imagem próxima e visível de Deus invisível, que percorre os nossos caminhos e olha a valetas, escuta os gemidos e socorre os desvalidos!
E nos diz a cada um de nós: “cuida bem deles, de todos”!
A cidade torna-nos próximos, mas também cegos e invisíveis. Caminhamos lado a lado como peças de engrenagem, sem consciência do único nem do todo.
O outro está próximo mas não é o meu próximo, pois vejo-o como número sem rosto e não como pessoa a partir da compaixão que jorra do meu coração interessado e solidário.
Somos uma multidão, cada um à procura da sua toca, que se toca e atropela, cega e muda, em viagem apressada!
Às vezes é na comunicação social, longe e virtualmente, que desperta a compaixão e nos tornamos próximo do que sofre.
Senhor, és tão próximo de mim e eu tão pouco próximo de Ti! Não queres uns instantes cronometrados, mas o meu amor total por Ti. Ajuda-me, na contemplação e intimidade do teu amor, a descobrir-me irmão de todos e a fazer-me próximo de todos em especial, dos frágeis e feridos, jogados na valeta da marginalização.
Senhor, ensina-nos a ver os invisíveis e descartáveis e a voltar de novo a tentar recuperar os que nos cansam e desanimam de tanto recair.
Padre José Augusto