A Festa de Freches em honra do Divino Senhor das Preces é sempre um motivo especial para tomar contacto com a cultura e tradições das nossas famílias e amigos.
A Freches, por exemplo, vale a pena ir no primeiro fim-de-semana do mês de Maio.
Durante este fim-de-semana festivo, as ruas enchem-se de bandeirinhas.
Podemos assistir à Procissão do Divino Senhor na sexta-feira ao som da nossa admirável Banda Filarmónica com mais de 125 anos de existência.
Nesta primeira noite de festejos, assistimos à brilhante cascata de fogo-de-artifício que anuncia, sobre a nossa belíssima Igreja, que a festa começou! O baile mantém-se pela noite a dentro.
Sabia que é tradição, os músicos da Banda comerem “punheta de bacalhau” na sexta-feira à noite? E que no sábado, quem dormiu pouco também acorda cedo: é costume largarem foguetes às 7:00 horas da manhã!
No sábado à tarde, as pessoas desfilam com os andores floridos e suas túnicas. São estas imagens dos santos talvez as mais curiosas da nossa tradição religiosa e uma reminiscência das práticas realizadas até hoje em Freches. Observemos que ainda há pessoas que percorrem as ruas da aldeia com os pés descalços e com velas na mão.
Estas admiráveis e longas procissões simbolizam a ligação profunda das pessoas com Deus.
Para degustar come-se por cá borrego assado, um bom arroz doce, biscoitos, coscoreis, bolas doces e tudo mais!
Deixo, desde já, os meus parabéns aos mordomos pelo simples facto de terem tido a coragem necessária para “pegarem” na festa numa situação de crise instalada, onde a pobreza e o envelhecimento cresce de dia para dia e a dificuldade de muitos em terem dinheiro é gravíssima, para darem a “esmola” pedida pelos mordomos, mas, apesar de tudo sempre à vontade em ajudar o Divino Senhor.
As festas são feitas pelas pessoas, para as pessoas. Falhas e imperfeições todos temos, e logicamente será impossível agradar a todos! No entanto, todas as críticas têm um lado construtivo e ajudam-nos a crescer e consolidar as tradicionais festas como uma referência para o concelho de Trancoso.
Estas festas representam a união, o bairrismo e a partilha. Infelizmente nem toda a gente pode fazer como as pessoas que todos os anos passam por esta tradição: não existe em Freches uma tasquinha ou um restaurante onde a cozinha portuguesa, regada com um bom vinho da região, é rainha. Com o desemprego instalado e baixos rendimentos será impossível realizar este facto, pois os comerciantes procuram zonas mais desenvolvidas. E as pessoas para virem à Festa de Freches ou tem cá família ou amigos.
Freches é uma das maiores aldeias que pertence ao concelho de Trancoso e como sabemos, todas as aldeias realizam a sua festa anualmente. A nível municipal não existe muita divulgação das festas que por cá acontecem. E aos políticos não basta estarem presentes e dizer que é uma das melhores festas da região, precisamos de mais.
Como sabemos a festa é em Maio e por vezes o mau tempo surge e o exemplo do recinto do baile não é coberto, e as pessoas deixam de vir à nossa terra porque “não há condições”. Verdade que as pessoas continuam a aparecer, mas nota-se alguma diferença. Na minha modesta opinião, podem-se melhorar as condições e apostar mais nas potencialidades que temos.
Freches é uma aldeia que apesar de oferecer bons motivos de animação, sem condições de instalações não se pode se quer pensar em trazer um artista ou grupo de renome nacional para a noite de Sexta-feira ou Sábado, essa situação, apesar de se tornar onerosa para a Comissão de Festas conduziria a atração de um acréscimo de pessoas.
Para terminar, gostaria de focar estas minhas últimas palavras em Honra do divino Senhor das Preces: ele é a principal razão da nossa festa.
Espero que todos nós reflitamos: seria bom para todos que nos uníssemos em busca de uma melhoria e de uma melhor qualidade, todos temos a ganhar, sobretudo Freches.