A três passos da felicidade!

Que testemunho espantoso este! A forma como este pai (Adolfo) entrega a própria vida (ao serviço do filho), é ao mesmo tempo desafio e fonte de inspiração para que cada um entregue também mais de si.

Percebe-se na história de vida deste pai o perfume da condição humana: um ser que existe e subsiste pelo amor de um Criador. Convidado a viver no amor, pelo amor há-de ser julgado, para que, também no amor, possa com Ele, para sempre, viver. Na condição humana – assim entendida – lê-se um itinerário para a sua felicidade. Felicidade a que a mesma condição convida. E esse itinerário, tem, parece-me, três “passos”. Todos eles também claros na palavra deste pai. Vamos a eles?!

O primeiro passo para a felicidade consiste em sentir-se e saber-se amado. Sentir-se e saber-se amado numa relação muito especial! É um passo que exige bastante sensibilidade, mas, vendo bem as coisas, tanto a nossa própria natureza, como tudo quanto nos rodeia conspiram para que o consigamos dar. A começar pela capacidade de – tomando consciência da nossa própria experiência de vida – formular estas (e tantas outras) interrogações: afinal de onde nos vem a vida? E para onde vai? E as maravilhosas capacidades de sentir e pensar? E tudo quanto que nos rodeia? Ou ainda: de onde nos vem a graça de ser pai (ou mãe)? Este primeiro passo consiste então, na descoberta de que estamos numa relação de amor desde que existimos. Ou melhor: que existimos por causa dela. Descobrimos assim (e este super pai connosco) que existe Alguém que nos enche de graças. E essas graças, apercebemo-nos depois, constituem a nossa própria identidade. Esta consciência é clara nas palavras que Adolfo escolhe para se apresentar: “O meu nome é Adolfo, […] Sou pai de Vitor Giovani […] Ser pai é algo maravilhoso”. Ou seja: o meu nome é este, e sou aquilo que por amor me foi concedido. Desvendamos assim que somos os frutos do amor que Deus nos tem. E apercebemo-nos da relação mais importante e maravilhosa que desde sempre e alguma vez teremos: a relação com o nosso Criador!

Para entender o segundo passo voltemos ao testemunho de Adolfo: “A palavra de Deus diz que presentes em nossa vida são os filhos”. Que segundo passo é este então? Aquele em que o Homem, sentindo-se profundamente amado por Deus, procura conhecê-Lo. Num movimento de fé, procura continuamente desvendar o Ser que o ama. Conhecer aquilo que Lhe agrada, a Sua obra, os Seus pensamentos, aquilo que diz. O que nos concede e aquilo a que nos convida. “Eu sabia que [abandonar tudo para cuidar do meu filho] era algo que Deus tinha planeado para a vida da gente”, diz-nos Adolfo. É neste (re-)conhecer Deus, que vamos renovando a visão que temos de cada uma e de todas as coisas. Crescemos ainda na sua verdadeira hierarquia, e para uma aprofundada gratidão.

Quanto ao terceiro passo (rumo à felicidade)? Deixemos que o exemplo de Adolfo nos guie novamente: “Se os filhos são o maior presente em nossa vida, então nós temos de cuidar. E com carinho.”. Ou ainda: “E aí veio a decisão de abandonar tudo e começar a estudar a respeito de doenças raras”. Este derradeiro passo é então a capacidade de espelharmos, no dia-a-dia, o amor que nos chega de Deus de uma forma que Lhe seja agradável. Isto é, a partir da consciência e gratidão pelo amor que recebemos contínua e gratuitamente do nosso Criador (1º passo). E munidos de uma aprofundada visão daquilo que lhe é agradável e nos propõe (2º passo), fazermos transparecer esse amor nas nossas escolhas e relações de cada dia (3º passo).

Sigamos então o exemplo deste pai, que, por sentir o seu filho como uma extrema manifestação do amor que Deus lhe tem (1º passo). E por saber que a sua vida e o seu bem-estar são importantes aos olhos de Deus (2º passo), decide abandonar tudo para cuidar deles (3º passo). Pois como nos diz o Adolfo: “Isso motiva a gente a continuar… A ir em frente! Não é Vitinho?!”.

Abraço,
Nuno Campelo