ALDEIA NOVA DO CABO – 50º ANIVERSÁRIO DO COLÉGIO
Decorreu no fim-de-semana de 21 a 22 de Maio, em Aldeia Nova do Cabo (Fundão), as celebrações do cinquentenário da chegada das Irmãs Concepcionistas. Esta Congregação, ao Serviço dos Pobres, foi fundada em 1939 pela Madre Maria Isabel da Santíssima Trindade em Elvas, com a missão apostólica de defender os mais fragilizados. Tem várias casas localizadas em Portugal, Timor Leste, Moçambique, México e Itália.
Em 1966 a generosidade da Família Alvaiázere de Aldeia Nova do Cabo ofereceu uma casa senhorial, com capela, a esta Congregação Religiosa Missionária, criando-lhe as condições ideais e prioritárias de habitabilidade. Disponham também de diversos espaços para atividades formativas e pastorais.
Segundo António Parente Lourenço, a população local sem grandes possibilidades económicas, mobilizou vontades e esforços para dar o maior apoio a esta obra de índole sócio caritativa e formação juvenil. Fizeram cortejos de oferendas para angariação de fundos e muitos habitantes doaram diversos produtos agropecuários às cinco religiosas ali chegadas. Era um grande bem que chegava à nossa terra.
Passaram cinquenta anos e para recordar esta efeméride realizou-se uma Sessão Solene no auditório da Casa do Colégio de Nossa Senhora de Fátima, com destaque para a história cénica representando quadros da Instituição e ato de doação, cujos atores foram as crianças utentes do Lar de Infância.
De seguida, a palavra de alguns convidados oficiais e de quem frequentou aquela casa, salientam-se o testemunho de Frei Albertino Farinha Rodrigues, missionário franciscano. Atendendo à doença e consequente internamento hospitalar da sua mãe, entrou com poucos meses nesta casa. As Irmãs acolheram-no e estimaram-no como se fosse um filho, ficando sempre grato. Quando jovem, uma das Irmãs falou-lhe da vocação franciscana. Não ligou muito ao convite formulado. Mais tarde e repensando melhor, inscreveu-se na instituição franciscana missionária. A resposta afirmativa chegou dirigida à casa das Irmãs, que a entregaram, por desconhecerem a residência do signatário. Graças ao apoio das Irmãs, que foram o seu veículo vocacional, hoje é Padre Franciscano, muito ligado ao Escutismo e aos Jovens.
Célia Rosa Penalva Brito entrou para o Jardim de Infância com três meses e ali se manteve até aos seis anos. Atualmente tem lá um filho. Solicitada a dar uma opinião afirma: “ foi um local que me marcou e onde aprendi muito. Além da aprendizagem na leitura e na escrita, é importante salientar que aprendi a fazer queijo fresco. Ali aprendíamos e criámos hábitos alimentares saudáveis. Fazíamos passeios às quintas agrícolas de Aldeia Nova do Cabo. Levavam-nos à Capela do Calvário e nos terrenos anexos brincávamos. Todas as turmas das crianças dispunham de uma sala no Colégio, onde éramos acompanhadas por uma religiosa. No Verão levavam-nos à Praia da Areia Branca. Passaram por aquela Instituição milhares de crianças, inicialmente só de Aldeia Nova, mais tarde foi alargada a admissão a todas as crianças das freguesias limítrofes e do Fundão. Uma vertente daquela Casa, era o acompanhamento na nossa juventude no crescimento da fé.”
Maria dos Anjos Farinha Lourenço foi cozinheira durante vinte e sete anos, e trabalhou com muitas Superioras, todas diferentes umas das outras. Além de cozinhar para as crianças, ainda fez refeições para pessoas idosas. Muitas Irmãs deixaram saudades, mas não se esquece a Irmã Inês, muito dedicada e amiga das crianças.
Flávio José Santos Marcelo, ex-presidente da Junta, considera “ que esta Instituição trouxe mais-valias, mais vida a esta freguesia. Com a escola fechada, falta de população juvenil, é de salientar que o Colégio de Nossa Senhora de Fátima acolhe mais de cem crianças. Também funcionou um Centro de Dia para Idosos mas não se registou grande adesão. Nestes últimos anos fecham muito, ao contrário dos primeiros anos. Deixaram grandes saudades, a Irmã Judite, Emília, Teresa, Passe, Irene e Isabel Maria.”
Lurdes Penalva Ramos Marques foi das primeiras alunas voluntárias:“durante o dia algumas trabalhavam, outras estudavam, e à noite no Colégio das Freiras tinham aulas de culinária, de bordados, de confeitaria, costura, pintura e trabalhos manuais. Muitos destes cursos eram frequentados por muitas jovens de Aldeia de Joanes. Recorda com saudade a Irmã Judite, uma ternura pessoa que, no fim de cada curso entregava-nos o respetivo diploma.”
Maria da Luz Gonçalves dos Santos Monteiro, ex-funcionária, duas filhas e atualmente dois netos frequentaram o Jardim de Infância. Afirma ” que gostou muito de ali trabalhar e as suas filhas adoraram estar naquela casa. As crianças que de lá saiam para frequentar a Escola Básica diferenciavam-se nos conhecimentos escolares.”
António José Cipriano Salvado, frequentou durante dois anos o Infantário e a melhor recordação é ter sido um ator de teatro infantil, representando algumas peças, principalmente no Natal. Esclarece que prestam grandes cuidados às crianças, e ali matriculou os seus dois filhos.
Parabéns por esta Obra, a Casa do Colégio de Nossa Senhora de Fátima, que durante cinquenta anos está em Aldeia Nova do Cabo, “ AO SERVIÇO DA FAMÍLIA E DA CRIANÇA.”
António Alves Fernandes
Aldeia de Joanes
Maio/2016