ANIVERSÁRIO DO LIVRO “O NOSSO HOMEM”

Há uns anos comecei regularmente a escrever sobre diversos temas, mas fundamentalmente a dar voz a quem a não tem, aos excluídos do banquete da Vida e aos muitos anónimos que têm um papel importante nas nossas comunidades. Dar-lhes um rosto de palavras, registar o seu nome e a sua vida, pequenas e grandes histórias, foi a missão que abracei, ouvindo centenas de pessoas, Homens e Mulheres de todas as condições. Para minha alegria, essas vidas começaram a ser conhecidas, impressas em jornais, revistas, sites e, mais tarde, juntas num livro a que chamei “O Nosso Homem”, figura singular e colectiva que transporta todas as vidas nas suas alegrias e misérias.

Celebra-se um ano da publicação desse livro, que foi uma linda prenda dos meus Filhos Paulo e Mário e da minha Esposa Maria Manuela. O Mário recolheu e organizou os muitos textos num trabalho hercúleo (assustei-me quando me disse haver mais de 1000 páginas), o editor Ricardo Paulouro empenhou-se em publicar o livro pela A23 edições, estabelecendo os contactos para lhe dar uma forma bonita e de agradável leitura, o design gráfico foi de David Duarte e o desenho da capa do amigo Carlos Silva, retratando um Cristo real e quotidiano tantas vezes invocado no livro. O prefácio foi de um escritor do riso e do coração que muito admiro – Manuel da Silva Ramos – e o posfácio do meu filho adoptivo Rui Pelejão, que carinhosamente me chama “Pai Fernandes”.

O lançamento aconteceu em Aldeia de Joanes, divulgado pelo “Jornal do Fundão” e pela Rádio Cova da Beira, na Associação Desportiva e Cultural, com a colaboração de António Sequeira Fernandes, que cedeu as instalações e gentilmente apresentou os intervenientes. O seu filho Ricardo Fernandes fotografou com a sua objectiva este evento de afectos. A todos, sem excepção, agradeço a amabilidade.

Fiquei tão emocionado com a bonita festa organizada pela minha Esposa, com todas as pessoas que estiveram presentes e povoaram o meu coração, com os testemunhos ouvidos e com a voz da Marta Ramos (de uma ternura imensa) acompanhada à viola pelo sempre afectivo José Lopes, que mal conseguia falar.

Seguiu-se uma segunda apresentação na Casa do Concelho do Sabugal em Lisboa, contando com a vontade do seu Presidente Alberto Martins, que leu um texto escrito pelo Dr. Pinto Monteiro, que adquirira o livro em Vila Franca de Xira, junto à Praça de Touros, onde decorria um evento taurino – O FORCÃO -, tão amado pelas gentes arraianas. O conterrâneo Paulo Leitão Batista, grande editor da “Capeia Arraiana”, e o jornalista Rui Pelejão apresentaram brilhantemente o livro.

Estavam agendadas mais duas apresentações, na Casa da Baía em Setúbal e no auditório da Câmara Municipal do Sabugal, mas os livros “voaram” e os meus problemas de saúde agravaram-se. Agradeço muito o empenho dos meus irmãos João Fernandes, Francisco Monteiro e Ezequiel Fernandes, mas às vezes a vida prega-nos partidas e eu não tive exacta noção da gravidade do meu problema. Quanto à minha terra natal, a Bismula, é sempre difícil lidar com o poder de alguns políticos. O livro foi-me devolvido porque numa crónica criticava a postura do edil.

Depois de ouvir “tanto mar e tanta gente” fui castigado com a perda de parte da audição e depois de tanto lutar pela memória fui castigado com perdas temporárias de memória. Passei a ouvir mais o “eu interior” e as inquietações hospitalares tomaram a forma de diário. Conheci os abismos da doença mas também uma fabulosa solidariedade humana que me faz ter esperança no futuro.

Hoje quero agradecer a todos os meus leitores, são eles que me estimulam e alimentam a minha força interior. Agradeço, em especial, aos meus “embaixadores” e irmãos João Fernandes e Francisco Monteiro e ao amigo Vieira do Carvalhal, a trabalhar na mais antiga Barbearia de Lisboa, em Campo de Ourique.

São os leitores que nos explicam muitas vezes o que escrevemos, por isso também estou imensamente grato por todas as mensagens que recebo, das mais diversas origens e estratos sociais. Gosto de saber que os meus textos são lidos e fico feliz se conseguir fazer feliz alguém. No Fundão ou em Condeixa, a estrada continua.

Um grande Bem-Haja a todos: Esposa, Filhos, Irmãos e Irmãs, Amigos, Leitores, Críticos e Colaboradores.

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Março/2018

RECORDAR HERMANO NICOLAU MARIA LAMBERS – PADRE DÂMASO

RECORDAR HERMANO NICOLAU MARIA LAMBERS – PADRE DÂMASO