Bismula: festas anuais

As Festas Anuais na Bismula (Sabugal) são únicas no mundo. São em Honra de três personagens, que fazem parte integrante da História do Cristianismo – a Virgem Maria, com o título de Nossa Senhora do Rosário, o seu Divino Filho Nosso Senhor e a sua Avó materna, a Santa Ana.

Este ano, embora sem uma Comissão Organizativa de Festas Anuais, a tradição ainda se impõe, a religiosidade e fé ainda existem e acima de tudo ainda se sente bairrismo. Há força e coragem nas gentes bismulenses e alguns líderes de ordem cívica e eclesial.

Um grupo corajoso de jovens tomou nas suas mãos a realização deste grande evento. No final das festas do ano passado, Duarte Fino Carreira Tomé Fernandes, Pedro André Carreira, Duarte Francisco Salgueira Pires, Marisa Salgueira Pires, Manuel João Tomé, José Pedro Dias Cardoso, Adriana Salgueira Pires, Nelson Miguel Tomé e Luís Edgar Moreira, corajosos rapazes e raparigas, determinaram que as festas não terminariam. Além das diversas campanhas de angariação de fundos e ofertas, também mandaram elaborar diversos objetos artísticos, chapéus, canecas, navalhas, camisolas, etc.., com a simbologia do carvalho grande, árvore enigmática e centenária da Bismula.

Duarte Barreira Tomé argumenta que “se nos anos anteriores os nossos pais, familiares e conterrâneos mais velhos trabalharam para que sempre se realizassem, nós tínhamos de fazer algo este ano, nós jovens fomos os principais beneficiários com estes festejos, que nos proporcionaram momentos muito felizes e divertidos. Começámos do zero, avançámos com dinheiro dos nossos pais e disponibilizámos o tempo de férias para trabalharmos por esta causa”. Também o jovem Manuel João Tomé, escolhido como coordenador de todas as atividades, concorda plenamente com a exposição do seu companheiro de trabalho. Acrescenta que não vão tomar a iniciativa de nomear qualquer comissão, esperando que também apareçam voluntários.

O vasto programa das festas estava definido em dois grandes planos, um de carater civil, mais profano e divertido e o outro mais virado para a fé, para o religioso.

Nos três dias de festa atuaram quatro conjuntos musicais que proporcionaram música para todos os gostos, principalmente para os dançantes.  

O programa religioso iniciou-se com uma Eucaristia Vespertina em que o Jovem Pároco, Padre Daniel José Tomé da Silva Cordeiro, deu as boas vindas a todos os bismulenses e aos seus familiares que, vindos da diáspora, se reuniram na Igreja, desejando a melhor estadia e um feliz regresso às suas origens laborais. Não se esqueceu de agradecer aos jovens mordomos voluntários a realização das Festas. Seguiu-se a imponente procissão de velas pelas ruas da aldeia, com mais de um milhar de fiéis, que afirmaram e manifestaram de uma forma bem visível a sua Fé. Aconteu o mesmo na Eucaristia da Solenidade que foi abrilhantada pela Banda Filarmónica de Belmonte.

O encerramento aconteceu com o regresso de Santa Ana à sua Capela, num local de grande valor paisagístico. Nesta caminhada de fé, todos os peregrinos beneficiaram de um caminho rural limpo, arranjado e de fácil acesso. Por motivos técnicos, foi necessário levar ao colo a Imagem de Santa Ana, carinhosamente transportada por vários fiéis.

As festas terminaram com uma brilhante sessão de fogo-de-artifício que encantou todos os presentes.

 Sobre estas solenidades ouviu-se Maria Luísa Leal Fernandes, residente em Lisboa, que elogiou a atitude destes que tomaram em suas mãos as festas anuais, indispensáveis para a reunião fraterna dos bismulenses, convívio das famílias e novos conhecimentos. Realçou a grande devoção do povo da Bismula a Santa Ana, que já vem dos nossos antepassados.

Maria Luísa Ferreira, residente em Setúbal, afirma que todos os anos se desloca à Bismula para assistir às festas e conviver.

Arnaldo Manuel Pina Leal, residente em França, vive e convive estas celebrações com muita fé e divertimento.

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Agosto/2016

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