CATEQUESE

É um tema que sempre me preocupou como simples cidadão, independentemente das convicções religiosas que cada um tem. Em todas as religiões há catequese, ensinamento da fé, evitando a ignorância e o analfabetismo. Há pessoas que se dizem muito cultas em matérias profanas, de grandes currículos escolares, mas em termos religiosos são de uma pobreza extrema. Ora, se todo o ser humano é religioso por natureza, talvez não fosse mau estudarem também a história das religiões e a componente espiritual que também integra a nossa existência.  

Envolvido nessa preocupação, fui catequista durante vinte anos e até à data ainda ninguém me afugentou ou saneou… Só a minha idade e saúde não me permitiram dar continuidade a esta missão.

A minha grande escola de Catequese foram os meus pais. Recordo com saudade os ensinamentos que me transmitiram com conhecimentos e vivências.

Hoje há inúmeros problemas. Começa logo na inscrição das crianças e adolescentes nas Catequeses Paroquiais. Aqui, no meu modesto entendimento, não se verifica a militância exigida em muitas Paróquias. Recordo como a minha saudosa Mãe, funcionária numa Escola Primária em Setúbal, com o apoio do Pároco, um Missionário com muitos anos em África, e do Director da referida escola, me dizia que se apresentava a matrícula da catequese logo no momento da inscrição no ano escolar. Os pais eram sensibilizados para esta missão de vida.

Alguns pais baptizados, com responsabilidades sociais, com filhos na Catequese, depressa desistem desta Escola de valores, porque “os meninos têm de acordar cedo, ou não querem frequentar a catequese”. Ficam reféns da vontade dos filhos.

Infelizmente, muitos pais que deviam ser os primeiros catequistas nos seus lares, não têm capacidade para sensibilizar os filhos para a importância desta Escola…

É muito bom apelar para a inscrição nos púlpitos, mas muitas vezes não se sabe onde se deve fazer a inscrição, com cartórios fechados, com impossibilidades de contactos de diversas vias, com caminhos bloqueados…

Uma catequista para ensinar tem de viver a Fé, tem de viver aquilo que vai transmitir.

A missão nobre de catequizar exige também de cada catequista uma formação adequada, de conhecimentos sobre a mensagem evangélica. Não se deve ir para uma sala de catequese sem se saber o que vamos ensinar e partilhar.

Nenhum catequista deve entrar numa sala sem conhecer minimamente o grupo, se possível ter uma conversa, uma reunião com a anterior catequista.

Deve ter uma relação muito estreita com os pais dos meninos e dos adolescentes, um diálogo permanente, envolvendo-os nas diversas actividades e levando-os a participar, conjuntamente com os outros familiares.

Nunca se dever esquecer o plano das afectividades e das pedagogias na gestão de um grupo, principalmente de adolescentes, porque nenhum é igual, ou melhor, todos são iguais e todos são diferentes.

Nunca ficar indiferente ao mundo que rodeia o catequizado em todas as suas vertentes e plataformas físicas, psicológicas e religiosas.

Ensinar a mensagem do Evangelho através da Bíblia é também uma fundamental iniciação à base cultural, artística e civilizacional da nossa Europa.  

A vida de cada cristão É UMA VIDA DE MISSÃO.

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Outubro/2018