“DAR A VER” – Cinema no Fundão
A 14 de Janeiro, Sábado às 15 horas, inicia na Moagem do Fundão o Ciclo de Cinema “DAR A VER”, uma mostra de filmes portugueses recentes, alguns dos quais em estreia absoluta, outros já viajados por diversos festivais nacionais e internacionais.
A organização é dos “Encontros Cinematográficos”, que já trouxe grandes nomes da Sétima Arte ao Fundão, como Victor Erice, Andrea Tonacci, Pedro Costa, Miguel Marías, entre outros. Além disso, tem sido particularmente sensível e atenta às obras de jovens realizadores que filmam com escassos meios, assim como à memória do cinema português, em particular aos filmes proibidos pela censura política ou económica. Talvez por tudo isso, o Diretor da Cinemateca Portuguesa, tenha considerado recentemente os “Encontros Cinematográficos do Fundão,” como um dos eventos culturais mais importantes do País no que ao Cinema diz respeito. A sua lógica de partilha, de liberdade e de carinho pelos filmes e convidados tem sido uma marca diferenciadora e de autenticidade, nos antípodas dos habituais espectáculos festivaleiros de gente chique e charmosa.
Este ciclo, por aquilo que fui lendo, é uma excelente oportunidade, através do Cinema, para ver Regiões do País menos vistas como o Alentejo, a nossa Beira Baixa, os Açores ou o Minho. Estou especialmente curioso por ver o filme “Da Meia-Noite pró Dia” de Vanessa Duarte, filmado nas fábricas em ruínas da Covilhã com testemunhos de antigos operários.
O ciclo conta também com a participação de dois fundanenes: Hugo Pereira, que acaba de publicar o seu primeiro romance na A23 com o curioso título de “Interior e outras paragens”, e Nelson Fernandes, um realizador de filmes de animação premiados pelo mundo fora.
Destaque ainda, na nossa era digital, para a projecção de um filme em 16 mm de Sílvia das Fadas, “Square Dance, Los Angeles County, California, 2013”, uma associação cinematográfica de fotografias do grande fotógrafo americano Russell Lee (uma espécie de trota mundos como o nosso Diamantino Gonçalves mas na América interior e rural), com o poema “Do ser numeroso” de George Oppen (outro grande viajante na América profunda à procura de verdadeiras comunidades) e com músicas de cantores de protesto como Woody Guthrie.
Será, pois, uma óptima forma de ver filmes pouco conhecidos do chamado “grande público” e trocar impressões com os realizadores convidados. À semelhança de todos os ciclos organizados pelos “Encontros Cinematográficos”, também sairá um jornal com óptimos textos sobre cada um dos filmes apresentados.
O ciclo é constituído por dois blocos, às 15 e às 18, cada um com uma hora de duração, e por uma conversa aberta a todos com os realizadores convidados. Por aquilo que me informaram, a entrada é gratuita, só não vai quem não quer.
António Alves Fernandes
Aldeia de Joanes