Gosto de sentir.
Decorridos alguns anos do nosso nascimento descobrimos esta capacidade! A capacidade de sentir! E sinceramente é o que nos separa da vida e da morte! Estamos vivos quando sentimos! Mas depois pensamos ser essa a característica que nos distingue dos outros animais. Sentir! Sentir amor, raiva, paixão, arrependimento, alegria, felicidade, amizade, culpa…
Quem me conhece sabe que não penso assim. O que nos distingue dos animais, para mim, é a forma como cuidamos do nosso habitat e dos da nossa espécie. Que, por sua vez, até nos confere uma certa inferioridade, fruto da nossa incapacidade de cumprir esta tarefa tão simples…
E o que sentimos com isso?
Os sentimentos conferem-nos uma imaterialidade, um lado espiritual que nos torna algo mais do que apenas matéria. Somos complexos, sim! No entanto, esta complexidade deveria ajudar-nos a simplificar e resolver-nos por dentro, dada a capacidade intelectual de que somos dotados.
Mas acabamos sempre a sentir ódio por quem amamos, amor, por quem odiamos, amizade por quem nos ama e felicidade por quem se magoa…
Às vezes damos por nós a inventar expressões só para que nos entendam: borboletas no estômago, nó na garganta, a cabeça às voltas, aperto no peito, cabeça em água, dor de cotovelo, frio na espinha…
Como se essa compreensão fosse possível! Há toda uma complexidade nos nossos sentimentos, pois o que sentimos por aquilo que os nossos sentidos captam, não é igual ao que sentimos por aquilo que apenas reside no coração e no pensamento.
Cada um de nós sente, e exterioriza, os seus sentimentos de uma forma distinta, pois é isso que somos, diferentes uns dos outros, mas com uma sede igual de sentir e fazer sentir.
Este verbo, é provavelmente a palavra portuguesa com o significado mais complexo do dicionário inteiro. Deixo o link do mesmo.
http://www.priberam.pt/dlpo/sentir
Não posso terminar sem deixar uma sugestão.
Sentir, não pode ser algo individual, pois tudo o que sentimos de bom só faz sentido quando partilhado, e tudo o que sentimos de mau, muitas vezes só desaparece quando partilhado de igual forma. Seria bom partilhar energia e sentimentos bons com os outros, quando sentimos coisas boas, tentar alastrar para fora de nós essa coisa boa, talvez consigamos uma dia melhor para nós e para os outros.
Suzana Santos