Irmãs a Irmãos
A palavra de Deus que escutamos, em Ano Sacerdotal, lembramos que Ele está no nosso mundo e na nossa história, com o testemunho daqueles que ama, convoca e envia a dar testemunho da sua Salvação.
A primeira leitura, apresenta-nos o exemplo do profeta Amós. Escolhido, chamado e enviado por Deus, o profeta vive para propor às mulheres e aos homens – com verdade e coerência – os projectos e os sonhos de Deus para o mundo. Actuando com total liberdade, o profeta não se deixa manipular pelos poderosos, nem amordaçar pelos seus próprios interesses pessoais.
- O Presbítero na pobreza evangélica tem de ter atenção e solicitude para com os mais carentes e necessitados. O Presbítero, amigo dos mais pobres – diz o Directório – reservará para eles especial atenção na caridade pastoral, com uma opção preferencial por todas as velhas e novas formas de pobreza, tragicamente presentes no mundo, recordando sempre que a primeira miséria de que os homens e mulheres devem ser libertos é o pecado.
- Há em nós uma certa tendência para prestarmos maior atenção aos poderosos e influentes, talvez por pensarmos que estes têm maiores recursos para as acções que nós realizamos. O amor verdadeiro não é interesseiro. Devemos compreender e acolher Cristo que está presente e actuante nos mais pobres.
- Cristo sempre recompensa cada um muito bem. Por vezes mesmo, dá-se a cada de forma surpreendente no silêncio ou no ruído da multidão (aliás como esta que tenho na minha frente).
A segunda leitura garante-nos que Deus tem um projecto de vida plena, verdadeira e total, para cada mulher e para cada homem – um projecto que desde sempre esteve na mente do próprio Deus. Esse projecto, apresentado aos homens através de Jesus Cristo, exige de cada um de nós uma resposta decidida, total e transparente.
- O presbítero é chamado a prolongar a presença de Cristo! Ser outro Cristo, o mesmo Cristo, o filho de Deus vivo entre as mulheres e os homens! Será que existe no universo uma dignidade maior? Ao olhar para o meu rosto, para as minhas mãos, para o meu corpo, tenho de sentir a presença de Cristo em mim. O meu porte, as minhas palavras e o meu sorriso têm de ser iguais aos de Cristo no meio dos irmãos.
- Não posso tomar qualquer atitude ou dizer qualquer palavra; tenho de tomar a atitude e a palavra que Cristo assumiria se tivesse o meu nome, vivesse na minha casa, se “fosse” Pastor de cinco paróquias. Podemos e devemos estar com os mais pobres, participar num encontro alegre com jovens, acampar no meio de uma serra (em linguagem escuta diz-se dormir com as costas no chão), caminhar por entre montes e vales, ser presença activa na net, ouvindo no msn… mas devemos faze-lo como Cristo o faria em tais circunstâncias: com a dignidade e a simples nobreza de um filho predilecto do nosso Pai, Deus do Universo, Senhor dos senhores, Reis dos reis.
- Por vezes quantos de nós não gostamos de ouvir um elogio, uma promoção, um qualquer título, mas não poderíamos esperar de que alguém diga de nós: pelo seu testemunho é como Jesus. Como seria maravilhoso, que com a passagem dos anos, como presbíteros fica-se estampado no nosso rosto a alegria, a compreensão, a firme suavidade do rosto de Cristo.
No Evangelho, Jesus envia os discípulos em missão. Essa missão – que está no prolongamento da própria missão de Jesus – consiste em anunciar o Reino, e em lutar objectivamente, contra tudo aquilo que escraviza a mulher e o homem e que os impede a serem feliz. Antes da partida dos discípulos, Jesus dá-lhes algumas instruções acerca da forma de realizar a missão… Convida-os especialmente à pobreza, à simplicidade, ao despojamento dos bens materiais.
- A oração e Eucaristia são os pressupostos da acção evangelizadora. Podemos dizer que, os presbíteros foram “concebidos”, por Jesus durante a noite de oração que procede a escolha dos doze Apóstolos, dos quais nós Presbíteros somos seus sucessores. Daqui advêm que o presbíteromanterá vivo o seu ministério, mediante uma vida espiritual à qual dará a absoluta preeminência e profunda sintonia com Cristo Bom Pastor.
Foi na oração, que os apóstolos encontraram, toda a força expansiva de uma acção. A oração é como que uma mola comprimida, cujo impulso chega aos nossos dias e está patente nos vossos rostos.
Queremos uma eficaz acção pastoral? Entremos no diariamente em clima de Cenáculo; recolhamo-nos em oração, pois é o Senhor quem nos diz: “sem mim nada podeis fazer” e é São Paulo que nos lembra “tudo posso naquele que me conforta”.
- Para Jesus, que envia os discípulos dois a dois, torna-se evidente que a evangelização de vanguarda é em profundidade. Temos de nos empenhar seriamente na formação profunda dos leigos. É certo que existe uma tentativa cada vez mais acentuada de formar “agentes de pastoral”. Isto é relevante. Mas não se trata apenas disto. Temos de formar leigos que sejam católicos actuantes no seu próprio meio: na família, na sua profissão, nas organizações culturais, empresariais, estudantis, politicas… O leigo tem de ser cidadão preparado, actuante, capacitado, coerente que dê testemunho da Fé onde se encontra.
- Maria, Estrela da Nova Evangelização, intercederá por nós, para que o testemunho belo do rosto dos Cristãos, orientados pelo Bom Pastor, permita dizer sempre e a todos “Alegrai-vos sempre no Senhor”.