O Natal por excelência celebra o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, fazendo a festa da família, matriz social que, talvez não se tenham apercebido, vem do pensamento cristão. Cada um de nós tem um pai e uma mãe, que se unem para nos conceber.


Mas que fazer quando temos a família bem longe, como se tem passado comigo em 2019 e 2020?
Talvez por ter uma família construída e consolidada no contexto que vem nos Evangellhos, não me tem custado tanto assim, procurando outras famílas de acolhimento, principalmente mais carenciadas.


No presente ano, pude conrtibuir com o que tinha, uma verdadeiro «milagre» para gente que não degusta carne há muito tempo, que sofre consequências de não ter trabalho, de não ter um computador, mas ter a alegria de imensa gente cheia de vida, com crianças que pulam e brincam com o que têm.


Nunca tinha pensado que a melhor«prenda» de Natal fosse a minha boa acção de escuteiro e ajudar quem mais necessita, neste dia. Na velha Europa, regra geral, as casas estão abrilhatadas com decorações barrocas, prendas de luxo e, nalguns casos, muito pouco espírito familiar porque os descendentes vão fazendo as «partilhas» ainda com os vivos a saborearem o bacalhau.


Mas como o Natal é um dia extraórdinário, porque o nascimento de Jesus Cristo, transborda para o melhor que nós humanos temos, a bondade e a caridade, é esse o caminho que pretendo seguir no meu texto, dando Graças ao Senhor, por me ter «enviado» a uma família que me brindou com um «mar» de crianças que nem prenda pretendiam. Aliás nem eu proprio me lembrei!


Só o «milagre» de poder brincar, falar e entender estas crianças foi mais que suficiente para sentir o Natal, em espírito de familia. Eles nunca tinham visto um europeu divertir-se daquela maneira, ouvindo os seus desejos de um dia melhor, e eu de entender como é bom não haver tecnologias e demagogias em gente tão jovem. A própria maturidade flui de outra maneira no seu pensamento acabando por torná-los em peqenos adultos, onde a inocência e a sua Fé, os leva a acreditar num futuro bem melhor. Nem ouvi a ladaínha da desgraça.


Tive uma festa de família, no seio de Cristo. E senti alguma vergonha de ver quanto tempo se desperdiça nas nossas terras lusas em discutir o alheio, quando o Natal nos deve aproximar e ajudar a esquecer as tais injustiças que tivemos no ultimo testamento do tioi , ou prima.


Eu acredito que estes jovens com quem brinquei, um dia sejam mais felizes, saibam dar ao valor ao que têm, porque todos os dias agradecem por mais uma refeição, pela cura da doença da avó, da classificação que tiveram na prova e, se calhar, daquele branco que lá foi e tratou-os (sem pedagogias) de igual para igual. Acredito que muitos deles nunca esqueceram este dia, por ver alguém tão diferente fisicamente, ser de facto tão amigo.


Foi preciso chegar aos 60 anos para entender que Festa da Família não significa necessáriamente a nossa. A grande família em Cristo, talvez seja o mais correcto.

Luanda (Bairro do Embodeiro), 25 de Dezembro de 2020
António José Alçada