Nasceu em Aldeia de Joanes (Fundão). No dia 11 de Janeiro, do ano em curso, faria 57 anos de idade, se uma doença oncológica prolongada não lhe tivesse causado a morte nos Cuidados Paliativos do Hospital do Fundão, no dia 26 de Março de 2013.

Em 1969 foi estudar para o Seminário do Fundão durante cinco anos, seguindo para o Seminário Maior da Guarda, onde infelizmente não encontrou ambiente para continuar os estudos superiores. Com o apoio do seu Pároco, Padre Manuel Joaquim Martins – um padre que não tinha receio de conviver com os jovens, escuteiros, convivas, estudantes de todos os estratos sociais, foi estudar para o Seminário Maior de Évora. É ordenado sacerdote na Sé de Elvas, com a presença de muitos amigos de Aldeia de Joanes e Aldeia Nova do Cabo, onde não faltou a Banda de Nossa Senhora do Pé da Cruz para abrilhantar tão importante acontecimento.
Foi paroquiar para Vila de Reguengos de Monsaraz e exerceu aí a profissão de Professor de Religião e Moral.
Seguiu-se Vila do Bispo e Sagres na Diocese Algarvia, Alcaria e Peroviseu na Diocese da Guarda. Exerceu a docência no Colégio de Nossa Senhora dos Remédios no Tortosendo.
A nível militar frequentou o Curso de Capelães das Forças Armadas, na Academia Militar em Lisboa.
Em 2004 foi nomeado Capelão das Comunidades Portuguesas da Arquidiocese de Los Angeles, nos Estados Unidos e Diretor Espiritual dos Cursos de Cristandade para o Sul da Califórnia.
Colaborou na Rádio Jornal do Fundão e na Rádio Cova da Beira com um programa semanal de temática religiosa e motociclismo.
A nível musical tem diversa obra gravada, mas onde tem milhares de fans é no motociclismo nacional. A paixão pelas motas aprendeu-a do Padre Nobre, Professor de Matemática no Seminário do Fundão, que se deslocava para todos os lados com uma singular e potente moto. Ainda me recordo de o ver de batina preta chegar de mota à Igreja de Aldeia de Joanes para celebrar, na ausência do Pároco oficial, a Eucaristia Dominical. O Padre Zé Fernando seguiu-lhe o exemplo. A referida mota do Padre Nobre encontra-se no Seminário do Fundão, um belo troféu para um futuro museu.
Organizava e mobilizava grandes concentrações de motards, que viam no Padre Zé Fernando um ídolo. A sua mensagem era ouvida com atenção, pois era próxima das vivências de todos. Por todo o País reunia milhares de jovens e adultos amantes do motociclismo: em Setúbal, em Faro, em Coimbra, no Fundão, no Montijo, em Lisboa (junto aos Jerónimos), em Lamego, no Sameiro-Braga e até em Espanha, na Galiza. Nunca esquecerei a grande Concentração no Santuário de Fátima. Ainda não existia a Basílica da Santíssima Trindade e o recinto não foi suficiente para acolher tantas motas, seus condutores e familiares. Acontecimento impar na Cova da Iria.
Fundador do Dia Nacional do Motociclista, sob a proteção e padroado do Arcanjo São Rafael, recebeu o Diploma de Mérito do Motociclista e foi membro da Federação do Motociclismo de Portugal. Gravou um CD com músicas “motard”.
Com a colaboração da Jornalista Rosa Ramos, publicou o livro “ BOAS CURVAS…SE DEUS QUISER”, uma autobiografia com histórias, irreverências, reflexões, doenças, lutas e alegrias, cuja leitura aconselho. Na página da apresentação do livro, a Jornalista Paula Charro da Rádio Cova da Beira do Fundão, escreveu entre outas palavras significativas, “ o Padre que, mesmo rebelde à luz da Igreja, continua a encher templos de gente que raras vezes vai à missa.”
O Padre Zé Fernando, uma personalidade com dotes de grande comunicação, da qual não é fácil falar nem escrever, foi uma figura polémica, controversa e porventura incompreendida. Dou-lhe a palavra no livro citado: ”gostava que pudessem olhar para a minha vida e constatassem que ela foi uma prova de que Deus existe e que Ele viveu em mim…e…olhe…que não me façam tão mau como eu fui, nem tão bom como realmente não fui. Gostava de ser recordado na dimensão exata daquilo que fui. E que o meu objetivo foi sempre o bem, a perfeição, a união. Foi sempre a minha preocupação profunda, apesar de ter consciência que nem sempre o consegui. Os motards e muita gente me ajudou. Mostraram-me que a minha vida não foi em vão…”
Faleceu antes de aparecer um Papa Francisco, que seguramente admiraria pela coragem, humanismo e informalidade. No próximo dia 28 de Março, prepara-se uma Grande Homenagem ao Padre Zé Fernando no Cemitério de Aldeia de Joanes, onde descansa em paz.

António Alves Fernandes
Aldeia de Joanes
Janeiro/2015