Jesus, continuando a falar em parábolas sobre o mistério do Reino de Deus e o modo como os homens o acolhem ou rejeitam, compara-o, desta vez, a um banquete nupcial, a uma grande festa. Reafirma a universalidade do convite de Deus: abrange os judeus e os gentios, os bons e os maus. Adverte que não basta aceitar o convite. É necessário vestir “o traje nupcial”, ou seja, viver segundo o projecto do Reino.
[pullquote align=”left”] Os judeus são os primeiros destinatários da salvação. [/pullquote] É a eles que, em primeiro lugar, Deus se revela e convida, uma e outra vez, a serem o seu povo. Jesus dá-lhes a mesma prioridade no anúncio da Boa Nova do Reino (cf Mc 7,27). E, quando envia os apóstolos numa primeira experiência missionária, recomenda-lhes expressamente: “Ide, primeiramente, às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 10,6).
[pullquote align=”left”] Os judeus, de um modo geral, não corresponderam a esta primazia, não se mostraram dignos da predilecção de Deus. [/pullquote] Como ficou claro na parábola dos vinhateiros homicidas, Jesus volta a insistir que os judeus maltratam e matam os servos, os enviados, os profetas, aqueles através dos quais Deus lhes dirige a sua palavra e o seu convite. Como os primeiros convidados da parábola, que apresentam motivos de mau pagador para justificar a sua ausência no banquete, assim também os contemporâneos de Jesus, sem que tenham motivos consistentes, recusam tomar parte na festa do Reino de Deus.
Por um lado, olham para Jesus e vêem n’Ele apenas o carpinteiro de Nazaré e consideram que um simples carpinteiro e, mais ainda, vindo de Nazaré da Galileia não pode trazer nada de bom e vantajoso para eles. Por outro lado, dão conta, e isso incomoda-os mais, que Jesus questiona a visão que eles têm de Deus e o culto que lhe prestam, que desacredita os seus ensinamentos humanos e relativiza as suas leis e tradições religiosas. Uma pessoa assim não lhes interessa e o Reino que anuncia não os entusiasma. Consequentemente, consideram que não devem perder tempo com Ele nem, muito menos, abraçar tal projecto.
Convidai para as bodas todos os que encontrardes.
Também os maus, os pecadores! São estes que Deus mais procura, pois também os ama e quer que eles se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. São estes a quem Jesus dedica mais atenção, pois como afirma: “o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,10), e: “Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mc 2,17). Deus prepara o banquete do Reino pensando em todas as pessoas e reservando um lugar para cada uma.
[pullquote align=”left”] “Não estava vestido com o traje nupcial”. [/pullquote] Como já referimos, não basta aceitar o convite. Hoje diríamos: não é suficiente ter recebido o Baptismo. É necessário acreditar efectivamente em Jesus, converter-se a Deus de todos o coração e viver segundo os ideais e valores do Reino. Só aquele que se assume como construtor do Reino experimentará a alegria de lhe pertencer e o receberá, mais tarde, como herança eterna.
[pullquote align=”left”] “Vinde às bodas”. [/pullquote] O Reino de Deus, qual banquete nupcial, é uma grande festa! O banquete proporciona o encontro, o convívio e a comunhão dos convidados com quem os convida e entre si. E isso gera gozo e satisfação, alegria e felicidade. O profeta Isaías (primeira leitura) diz-nos que Deus preparará “um banquete de manjares suculentos e de deliciosos vinhos” para celebrar o encontro com os povos no monte de Jerusalém. Jesus, por sua vez, institui a Eucaristia no decorrer de uma refeição e pensou-a como um banquete – a Ceia do Senhor. Deus é, decididamente, adepto e promotor de banquetes e de festas! Já aqui na terra. E o Céu é, só pode ser uma festa que se prolonga por toda a eternidade. Caso contrário, não seria Céu!
[pullquote align=”left”] “Vinde às bodas”. [/pullquote] Tu entendes o Reino como uma festa e aderes ao convite que Deus te dirige e renova todos os dias? Ou então, quais são os teus “afazeres” que te levam a não participar? Será que não tens tempo para te “entreteres” com Deus, escutar a sua palavra, dialogar com Ele, usufruir da sua amizade? Participas no Banquete da Eucaristia e sente-lo como uma celebração festiva ou só vais quando a hora te convém, te agrada o padre ou a Missa é “bonita” e demora pouco? E que colaboração dás para que a festa do Reino aconteça e nela participem todas as pessoas que te rodeiam?
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